Juíza Placidina Pires libera quase R$ 3 milhões de conta bancária da Afipe

A juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, liberou, na manhã desta quarta-feira (23), quase R$ 3 milhões que estavam bloqueados em conta da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) desde 20 de agosto passado.

A medida atende pedido do atual representante da entidade, o padre André Ricardo de Melo, que substitui o padre Robson Oliveira. Ele argumentou que o bloqueio de R$ 2.913.908,73 compromete o funcionamento e o pagamento de despesas com funcionários. Além disso, ele ponderou que o bloqueio não é necessário, levando em consideração que foram adotadas providências internas para evitar a suposta dilapidação indevida do patrimônio da Afipe, como o afastamento do padre Robson e outros investigados por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro de doações para a compra de casa na praia, fazenda e até avião.

A Afipe foi alvo da Operação Vendilhões, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Goiás no dia 21 de agosto. A entidade é responsável pelo Santuário Basílica de Trindade, cidade na região Metropolitana de Goiânia conhecida como a “capital da fé” no Estado. Padre Robson sempre negou irregularidades na entidade.

Conforme o MP-GO, estão sendo apurados crimes, em tese, praticados pelos diretores das Associações identificadas como Afipe (Associação Filhos do Pai Eterno – CNPJ n. 06.279.215/0001-70; Associação Filhos do Pai Eterno e Perpétuo Socorro – CNPJ n. 11.300.117/0001-07; e, Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro – CNPJ n. 11.430.844/0001-99), o que teria causado prejuízo ao seu patrimônio.

A investigação do Gaeco originou-se do encaminhamento, em 2019, pelo Poder Judiciário, de cópia de inquérito policial, em que o presidente Afipe, após ser vítima de extorsão, utilizou indevidamente recursos provenientes de contas das associações que preside.

À época, segundo as investigações, o padre chegou a transferir R$ 2 milhões das contas da Afipe para os criminosos. Em março do ano passado, a Justiça condenou cinco pessoas envolvidas na organização criminosa que extorquiu o religioso.

Sem mancha

Em comunicado divulgado à imprensa, a nova direção da Afipe destacou que está tomando “todas as providências para que não haja nenhuma mancha ou dúvida nas suas ações, que sempre buscaram a evangelização”. Em outro trecho enfatiza que “a verdade precisa vir à tona para continuar a cumprir o dever de evangelizar através do Santuário de Trindade e nos meios de comunicação social”.