Juíza revoga prisão dos cinco PMs acusados de matar homem durante abordagem em Trindade

A juíza da Vara Criminal de Trindade, Vívian Martins Melo Dutra, revogou a prisão preventiva de cinco policiais militares acusados da morte do comerciante Wilker Darcian Camargo, de 35 anos, após ser arrastado para dentro de uma casa em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia.

Wilker foi morto no dia 10 de dezembro de 2021. Um vídeo feito no dia mostra quando ele tenta fugir correndo dos PMs, mas é segurado e arrastado por três policiais de volta para a casa. Ainda na gravação, em seguida, é possível ouvir o barulho de um tiro. Um policial, então, manda as pessoas que estavam na rua saírem.

Decisão acertada

O advogado de dois dos policiais, Tadeu Bastos, viu como acertada a decisão da magistrada que, segundo ele, teve a prudência de esperar o fim da instrução para rever a necessidade das prisões, momento em que entendeu por bem revoga-las.

Bastos afirma que os pontos que eventualmente geraram dúvidas na conturbada investigação foram esclarecidos tendo os policiais respondido todas as perguntas apresentadas pelas partes, o que facilitou no entendimento de como os fatos aconteceram.

Preventiva

A prisão preventiva foi decretada em 21 de março deste ano para garantia da ordem pública, para resguardar a conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal, em razão da gravidade concreta do delito e da periculosidade. Bem como ainda fundamentada em indícios de autoria e materialidade do crime de homicídio qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima.

Ao analisar o pedido de soltura, a magistrada ponderou que a permanência por si só dos requerentes em liberdade não fere o princípio da garantia da ordem pública, fato este justificável pela sua valorização pessoal: trabalho e residência fixa. “Em relação aos requisitos de assegurar a aplicação da Lei Penal e a conveniência da instrução criminal, verifico que não há qualquer indicativo dos requerentes, em liberdade, evadir-se do distrito
de culpa, posto que colacionaram comprovante de endereço nos autos”.

A juíza afirmou ainda que não há mais risco de obstrução à colheita de provas, uma vez
que as testemunhas já foram inquiridas em juízo, bem como interrogados os acusados.”Além disso, vejo que são tecnicamente primários e estão sendo representados por advogado constituído, tendo demonstrado, até essa fase processual, interesse em esclarecer os fatos e se defenderem.”

Versão dos PMs

Segundo o boletim de ocorrências, Wilker foi visto por policiais militares entrando em um açougue, pegando uma sacola com drogas e saindo de carro. Ao perceber que estava sendo seguido por policiais, teria tentado fugir.

Os policiais disseram que o suspeito começou a atirar contra a equipe e acabou batendo o carro. Ao tentar escapar a pé, entrou na casa de um vizinho.

Ainda na época do crime, a Polícia Militar informou que afastou o grupo das funções para que pudesse ser feita uma investigação do caso.

O pai da vítima, Moacir Divino Camargo da Silva,  que é PM aposentado, afirmou na época que o entorpecente foi colocado no carro do filho pelos militares. “Meu filho foi executado e está visível. Ele podia ser o pior bandido que fosse, mas não podia ser executado. Não tem lei que permite isso”, frisou.