União entre polícias de seis Estados, incluindo Goiás, é estratégia contra crime organizado

Secretário de segurança pública, José Eliton, durante apresentação de quadrilha suspeita de roubo a banc
Secretário de segurança pública, José Eliton

A integração dos serviços de inteligência e das ações das diversas forças policiais da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) tem gerado uma expertise pelas polícias Civil e Militar de Goiás. Os resultados, segundo o governo de Goiás, são positivos em todas as áreas. No combate aos grupos organizados para roubos a bancos, também. Em pouco mais de três meses, sete grandes quadrilhas especializadas em assaltar agências bancárias e caixas eletrônicos, com uso de explosivos e armamentos pesados, foram desmanteladas em Goiânia e em várias regiões do Estado; 42 suspeitos foram presos.

E a expectativa tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar é que com a criação da chamada força-tarefa a partir da integração das inteligências de seis estados e o Distrito Federal que formam o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (GO, TO, RO, MT, MS, DF e MA) essa expertise se aperfeiçoe ainda mais, com o compartilhamento de informações e análises conjuntas. “Os assaltos a bancos são praticados em todo o País por bandos organizados que não respeitam limites territoriais e devem ser combatidos da mesma forma, por um trabalho que vá além das fronteiras dos estados”, afirma o vice-governador e secretário de Segurança Pública, José Eliton, propositor da integração dos estados para o combate ao crime organizado na região central do Brasil.

Para o titular do Grupo Antirroubo a Bancos (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil, delegado Alex Nicolau do Nascimento Vasconcelos, além da integração das forças policiais, o aumento do efetivo do GAB e o reforço da frota e do armamento para os policiais são alguns dos fatores que têm contribuído para a alta produtividade da equipe. “Sem falar que aqui tenho excelentes profissionais altamente capacitados e dedicados, que não têm dia nem hora para descansar, e agora, com respaldo e confiança da administração, a tendência é uma presteza maior ainda”, destaca.

Já o subcomandante do Grupo de Radiopatrulha Aérea (GRAer), capitão Pedro Henrique Batista, afirma que a integração tem se efetivado em todas as esferas das polícias e em todos os aspectos. “E já estamos colhendo os frutos desse trabalho conjunto e teremos muito mais êxito quando essa integração estiver totalmente institucionalizada no Estado e com outras forças policiais”, acentua.

No GRAer, conforme destaca, o combate aos roubos a bancos tem reunido esforços conjuntos com o Serviço de Inteligência da PM, o Grupo Antirroubo a Bancos (GAB), as demais unidades especializadas do Comando de Missões Especiais da PM e a Polícia Federal. “Estamos unidos com o mesmo propósito”, garante.

Esfacela
Como uma das primeiras grandes ações integradas entre as forças policiais goianas, 200 policiais civis e militares realizaram no início de março uma operação denominada Esfacela, para o cumprimento de 44 mandados de busca e apreensão e de 41 mandados de prisão em diferentes cidades goianas, visando desarticular organização criminosa com ramificações dentro dos presídios. Coordenada pela Polícia Civil, a ação foi deflagrada após um ano de investigações que indicaram que o grupo se comunicava para planejar e executar crimes como roubos de veículos, assaltos a carros-fortes e a caixas eletrônicos, entre outros.

Os mandados foram cumpridos em Catalão, Cristalina, Itumbiara, Luziânia, Mineiros, Morrinhos, Quirinópolis, Rio Verde e São Simão, no momento em que o bando articulava novos assaltos. Entre os crimes evitados com a prisão da quadrilha estava o roubo de um caminhão-cegonha lotado de veículos em Rio Verde. Na ocasião, se detectou que um dos grandes empecilhos para impedir a liderança de presidiários em grupos criminosos era a dificuldade em se bloquear e coibir ligações e uso de celulares nos presídios, problema que a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária tem buscado resolver junto ao Ministério da Justiça.

Roubo a banco
Ainda no início de março, uma força-tarefa da Polícia Militar conseguiu interceptar em São Luís do Norte quatro suspeitos de integrar um bando organizado para roubos a bancos. Após tentativa de roubo a um posto de combustível às margens da BR-153, o grupo foi desarticulado por policiais do Comando de Operações de Divisas (COD), Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT). Em Montividiu do Norte, forças de segurança de Goiás também impediram, em abril, nova tentativa de roubo. Os suspeitos estavam numa pick-up Fiat Strada roubada em Gurupi e tinham acabado de explodir um caixa eletrônico de uma agência do Bradesco, mas não conseguiram levar o dinheiro.

Operação Bandoleiros
Em Jataí, a Polícia Civil prendeu, na Operação Bandoleiros, grupo que praticava roubos na região especializada em assaltos a bancos, residências, comércios e propriedades rurais. Segundo o titular dopolicia2 GAB/Deic, delegado Alex Nicolau Vasconcellos, a associação criminosa atuava de forma articulada; enquanto parte monitorava os alvos durante determinado tempo, outra parte executava os crimes. Sete pessoas foram presas.

Entre os roubos atribuídos a esta quadrilha está o do caixa do Banco do Brasil dentro da Prefeitura de Jataí, em que seis dos assaltantes renderam dois funcionários. Outro crime de repercussão foi o roubo de três caminhonetes de uma concessionária na mesma cidade. A quadrilha, segundo o delegado Alex Vasconcellos, é conhecida pela extrema violência, fazendo reféns e agredindo as vítimas. Eles são responsáveis por cerca de 90% dos crimes patrimoniais da região. “Eles disseram que preferem roubar armas, que são fáceis de carregar e têm venda rápida”, afirma o titular do GAB/Deic.

seguranca4No mês de maio deste ano, outro grupo criminoso teve ação frustrada na cidade de Gouvelândia graças à atuação conjunta da Polícia Civil e Polícia Militar. Atuaram no caso, entre outras forças, o GRAer e o GAB/Deic. O grupo suspeito vinha sendo monitorado há meses por envolvimento em assaltos e arrombamentos a bancos no Sul do Estado.

Em Uruaçu, no Norte do Estado, uma ação conjunta da PM e PC, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, resultou na prisão de cinco suspeitos de integrarem quadrilha organizada para assaltos a bancos na região. Em São Domingos, no Nordeste, mais uma organização criminosa foi desarticulada no final de maio, quando numa barreira policial os ocupantes de uma pickup Strada não respeitaram o bloqueio e tentaram fugir. Eles eram suspeitos de tentativa de explosão a uma agência do Banco do Brasil em Divinópolis de Goiás. O carro usado pelos três suspeitos era produto de roubo. Na troca de tiros com policiais, dois deles morreram.

Em Aparecida de Goiânia, outra ação integrada entre o GAB/Deic, o Grupo de Radiopatrulha Aérea (GRAer) e o Batalhão de Operações Especiais(Bope) resultou na prisão de dois integrantes de outra quadrilha especializada em explosões de caixas eletrônicos. Com eles, os policiais encontraram explosivos, munições, placas de carros de outros estados e ferramentas utilizadas em arrombamento de agências bancárias. A quadrilha preparava novas ações. Dois outros suspeitos de integrarem a quadrilha só seriam presos dias depois.

O grupo criminoso é suspeito de pelo menos oito explosões de agências bancárias em Goiânia e Região Metropolitana. Alexandre de Sá é um dos líderes da organização e era quem fabricava os explosivos. O grupo agia nas mesmas agências. Em uma delas, no Setor Garavelo, em Aparecida de Goiânia, o grupo agiu quatro vezes; em outro no Setor Morada do Sol, o bando agiu duas vezes; outra vez numa agência na Castelo Branco; e em outra numa agência da Avenida Perimetral Norte. Segundo declara, era a única quadrilha que atuava na capital.

Recentemente, a Polícia Civil conseguiu prender os integrantes de associação criminosa responsável por explosões em agências bancárias de Itapirapuã, Jussassa, Britânia, Montes Claros de Goiás, Aragarças e Bom Jardim de Goiás. Eles espalhavam o terror nas cidades do interior usando armamento pesado e desafiando as forças policiais. Cinco deles foram presos em Goianira e dois em Jussara. Chamou a atenção da polícia o alto padrão de vida de alguns deles. A polícia apreendeu também sete veículos roubados.