Uma mulher é estuprada a cada 9 horas em Goiás

As pessoas se escandalizaram com o caso de estupro coletivo ocorrido no feriadão no Rio de Janeiro, esquecendo-se que no resto do Brasil os episódios também existem, mas são relegados ao esquecimento. No mesmo dia em que a jovem carioca foi agredida, um homem de 18 anos e quatro adolescentes estupraram uma menina da mesma idade, 17 anos, em Bom Jesus – cidade de 22.000 habitantes que fica a 644 quilômetros da capital, Teresina. Ela foi encontrada ferida e amordaçada com a própria calcinha em uma obra abandonada depois de passar um tempo supostamente bebendo junto com seus agressores – que ela conhecia, de acordo com o relato da polícia.

E os casos de estupro não terminam ai. Conforme dados do 9º Anuário de Segurança Pública, um estupro acontece a cada 11 minutos no Brasil. E os dados mais recentes foram coletados em 2014. Naquele ano, 47,6 mil pessoas foram vítimas do crime no país. Considerando os dados entre 2013 e 2015, em Goiás, a cada nove horas uma mulher é estuprada no Estado. Os números constam das estatísticas da Gerência de Análise de Informação da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP/GO).

Em Goiás, somente no primeiro semestre do ano passado, 40 casos de estupros de crianças e adolescentes da comunidade dos Kalungas de Cavalcante foram denunciados aos membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Isso por que as maiores autoridades do município estavam envolvidas, direta e indiretamente, com as ocorrências de abusos sexuais.

Estatísticas
O certo, porém, que entre 2013 e 2015, em solo goiano, ocorreram 2.816 estupros, dos quais 1.134 de vulneráveis (menores de 14 anos, independente do consentimento ou não, e, de acordo com STJ, mesmo que fique provado que a vítima tinha experiência sexual anterior ou que mantinha um relacionamento amoroso com o acusado).

Castelo de sonhos
De acordo com a ativista dos Direitos Humanos do Centro de Valorização da Mulher (Cevam), Maria Cecília Machado, a entidade mantém um programa de atendimento a estas vítimas, o Castelo dos Sonhos, desde 2005. Atualmente, 38 adolescentes vivem na instituição, por determinação da Justiça.

“Os casos de abusos sexuais, principalmente entre crianças e adolescentes é cada vez maior e rotineiro. A sensação que se tem, no Cevam, é que os casos se avolumam. Vale lembrar, ainda, que a cultura agrária coisifica, ainda mais, o crime, culpabilizando a vítima, principalmente se ela for mulher e jovem”, explica Cecília. Fonte: Cevam