Sites de escritórios de advocacia têm de ter cunho informativo, conforme o Código de Ética da OAB

Wanessa Rodrigues

Estar conectado ao mundo virtual faz parte das principais estratégias para fortalecer marca e os negócios. Porém, quando o assunto é a advocacia e o serviço prestado pelos profissionais da área, a tarefa não é tão simples. A publicidade na advocacia tem regras rígidas e devem seguir o Estatuto da Advocacia e o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), reformulado recentemente. Além de seguir o Provimento n.º 94/2000.

Conforme o artigo 39 do Código de Ética, a publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão. O texto diz, ainda, que a telefonia e a internet podem ser utilizadas como veículos de publicidade, inclusive para o envio de mensagens a destinatários certos, desde que estas não impliquem o oferecimento de serviços ou representem forma de captação de clientela.

joãocamargo
Jornalista João Camargo Neto.

O jornalista João Camargo Neto, que atua no relacionamento com a imprensa exclusivamente para advogados, entidades, escritórios, eventos e instituições jurídicas, observa que site não é veículo de comunicação exclusivamente publicitário. “ Ele pode ter cunho informativo, que é o que prega o Código de Ética e Disciplina da OAB”, saliente. O novo Código de Ética, segundo explica, flexibilizou poucas questões. Ele lembra que Conselheiros federais cogitaram não incluir comunicação digital no código publicado este ano. “No entanto, é impossível se falar de comunicação na advocacia em 2016 sem abordar sites, blogs e redes sociais, por exemplo”, completa.

Camargo Neto salienta que os sites de advogados e escritórios devem ser informativos. Logo, são ferramentas de comunicação imprescindíveis para cumprir a função constitucional do advogado. “Imprensa, publicidade e redes sociais de acordo com o Novo Código de Ética e Disciplina da OAB” foi o tema de uma série de palestras que o jornalista ancorou no último semestre, as primeiras do país que abordam comunicação sob a ótica do novo texto.

O jornalista diz que, embora a nova redação traga discretas inovações, elas são interessantes e revelam pequena abertura que deve ser entendida. Camargo Neto diz que o diretor da Escola Superior de Advocacia de Goiás, Rafael Lara Martins, já sinalizou que o tema será levado pela ESA ainda neste primeiro semestre de 2016 às principais subseções da seccional goiana da OAB, pois entende que o presidente Lúcio Flávio é antenado com o assunto e percebe a necessidade de toda a advocacia se adequar às novas regras.

victor marketing
Victor Furtado, especialista em Marketing Jurídico.

O site
Ciente do que preconizam as normas direcionadas à publicidade na advocacia, chegou a hora de criar o site. Mas, atenção. Algumas regras básicas, segundo o publicitário Victor Furtado, especialista em Marketing Jurídico, devem ser observadas para que erros não sejam cometidos na hora de criar e utilizar a ferramenta. O primeiro erro e um dos mais comuns cometidos por advogados, segundo o especialista, é o de colocar o portfólio na página. Segundo ele, o profissional pode citar, mas não nominalmente.

Outro erro é não colocar diferencial competitivo, ou seja, os motivos de se escolher este ou aquele escritório. Assim, o site vira apenas mais um mini portfólio. “O site é um canal estratégico e tem de vender um diferencial”, acrescenta. Além disso, Furtado orienta, que se o profissional quer se posicionar no mercado, é necessário relacionar qualidade e competência. Por isso, o site do escritório tem de ser arrumado e organizado. As palavras competência e qualidade têm de estar relacionadas a todas as interações que o cliente vai ter.

Furtado lembra que o site tem função institucional e é preciso colocar nesta ferramenta um mini currículo, preferencialmente começando pela experiência profissional e depois acadêmica. E, quando falar do escritório, tem de citar os diferenciais. Em uma frase pode se dizer por que contratar o advogado. Além disso, é interessante colocar missão, visão e valores. Colocar, ainda, um meio de contato (contato@site, administração@ ou jurídico@, por exemplo) e definir quem vai abrir o e-mail.

O Marketing Jurídico, segundo o especialista, tem de se atentar para todos os detalhes, para que não se cometa erros e tenha resultado positivo. Esses detalhes incluem, até mesmo, as cores escolhidas para o site – a paleta corporativa é composta por azul, cinza preto e branco. O Provimento n.º 94/2000, por exemplo, diz que toda comunicação institucional, por rigor ferrenho, tem de ter sóbria.

Estratégia
Furtado explica que existem dois tipos de estratégias básicas em Marketing: push, quando empurra, e pull, quando atrai. O site de um escritório de advocacia tem de estar dentro da atração. Porém, ele lembra que a página sozinha não vai atrair o cliente. É preciso ter uma rede de relacionamento e mídias sociais. Assim, é possível, por exemplo, utilizar o site para publicar artigos e replicar o conteúdo em outros canais. A soma das redes sociais ao site é o que vai conseguir atrair o cliente.