Em meio a uma complexa legislação tributária brasileira, a advogada Liz Vecci se transporta para o universo da literatura, onde desenha personagens que podem estar bem próximos dos leitores. Aliás, leitoras, seu principal público. Com certeza você deve conhecer uma Carol, André ou Tata, personagens do livro O Farol de Bill Baggs, romance contemporâneo com pano de fundo policial, que será lançado em outubro.
“A advocacia tributária é deliciosa, é estratégica, é desafiadora. Precisamos estar bem informadas sobre questões que ultrapassam o direito, como economia, política e mercado. E a escrita é a elaboração da realidade, é o escape, nela crio outro mundo que pode funcionar exatamente como eu quiser”, explica a advogada acostumada a ser “checada e questionada” por grandes empresários, mas que como escritora quer proporcionar leveza às mulheres por meio do romance de entretenimento.
Liz Vecci se preparou muito para a produção do primeiro livro. Além dos cursos de escrita, teve aulas em uma academia de tiro com o único intuito de falar com mais verossimilhança sobre armas, tiros e ferimentos. Contou também com a ajuda de amigos, um delegado civil e um promotor de justiça. “Eles responderam pacientemente várias perguntas que fiz sobre o procedimento em operações especiais”, conta.
A escritora descreve com riqueza diálogos e características dos personagens, inspirados em pessoas reais. “Me lembro de estar em um local com vários membros da polícia civil presentes, mulheres bonitas, fortes, e homens bem parecidos com André [protagonista do livro]. Ele com certeza saiu daquela reunião, de forma abstrata, mas inspirada por todos eles”, explica.
O livro
Disponível para venda física no site www.ofaroldebillbaggs.com.br, o livro de 352 páginas, conta a história de duas pessoas adultas que se deparam com situações que colocam a confiança e a capacidade de perdoar à prova. O título remete ao cenário do Parque Estadual Bill Baggs Cape, em Key Biscayne, nos Estados Unidos, onde Liz visitou em 2019.
De acordo com a autora, a imagem bucólica e romântica do farol lembra a personalidade da protagonista Carol, que é doce, mas tem uma força em si mesma. “André se interessou por essa ambiguidade que ele mesmo sentiu quando conheceu o farol”, explica Liz sobre o personagem policial civil, fã de rocks clássicos. Carol é publicitária, que também ama música. É possível conferir o gosto musical do casal em uma playlist no Spotify.
A autora descreve o pacto entre Carol e André, de nunca mentirem um para o outro. Porém, Carol, já machucada por conta de outro relacionamento, presencia um diálogo que pode colocar a lealdade do policial em xeque. “É quando acontece um afastamento permeado de tragédias inesperadas e eles têm que repensar o quanto estão dispostos a ceder e depositar fé na história construída”, diz Liz, que adianta um spoiler da obra.
A autora
Advogada tributária reconhecida em Goiás, 43 anos e mãe de duas filhas, Liz Vecci cresceu em uma casa cheia de livros e leitores. “Quando criança escrevi, editei e comercializei uma revista, a Livridade. Ler é entretenimento e também trabalho para mim”, conta a escritora, que lê até dois livros por semana. Quando começou a escrever “O Farol de Bill Baggs” se surpreendeu com a fluidez do processo criativo, terminando a obra em nove meses.
“Percebi que há um instinto nato de quem se vê, talvez até de forma presunçosa, vocacionado a escrever. O autor Haruki Murakami diz que existe uma certa prepotência de quem quer se tornar escritor. Eu amo escrever e sei que isso pode ser aprimorado”.
Entre as referências literárias do seu gênero, estão Sarah Morgan, Kristen Ashley e Jill Mansell, mas afirma estar intercalando essas leituras com autoras brasileiras. Não se prende à ficção romântica e seu escritor favorito é C.S.Lewis, das Crônicas de Nárnia.
Apesar de ter começado agora sua carreira de escritora, Liz já tem praticamente uma trilogia. “Atualmente estou escrevendo o terceiro romance da série do Farol. O segundo está em fase de revisão por uma editora do Rio de Janeiro e ficou um livro bem divertido com personagens que estavam no Farol, o Emílio e a Tatá.”
E não para por aí. “O objetivo é publicar meus livros em inglês também, afinal, sonhar pequeno e grande dá o mesmo trabalho. Então, decidi sonhar grande pois sou uma pessoa de fé”. A autora que busca cativar leitores já existentes e principalmente, despertar o interesse de quem não tem ainda o hábito de ler.