MP-GO denuncia três policiais e outras quatro pessoas por crimes em delegacias de Nova Crixás e Mundo Novo

O Ministério Público de Goiás (MP-GO), por intermédio da Promotoria de Justiça de Nova Crixás, ofereceu na sexta-feira (6/3) denúncia contra dois policiais civis e um militar por corrupção na Delegacia de Polícia de Nova Crixás e Mundo Novo, além quatro pessoas por receptação. A denúncia é resultado de operação conjunta do MP-GO com Corregedoria da Polícia Civil realizada no dia 12 de fevereiro, quando foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão – 11 na região de Nova Crixás e 1 em Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal. Foram presos dois policiais civis, em cumprimento a mandado de prisão, e em relação a um policial militar foi cumprido mandado de medida cautelar diversa da prisão.

O MP-GO e a Polícia Civil investigaram informações de que Rogério da Silva Nunes, conhecido por Rogerão, Diego Dorival Bessa Alves e Lucas Kaíque Gomes Rodrigues associaram-se para a prática de diversos crimes contra a administração pública, enquanto lotados na Subdelegacia de Polícia Civil de Nova Crixás e Mundo Novo. O grupo atuava desde meados de outubro de 2016, quando Lucas assumiu o exercício das funções policiais na condição de servidor comissionado cedido pela prefeitura de Nova Crixás para atuar na condição de escrivão ad hoc.

Segundo narra a denúncia, depois de algum período de adaptação e estreitamento de vínculos, foi formada associação criminosa estável e permanente composta pelos três, “objetivando a mercantilização da atividade pública que desempenhavam a fim de obterem vantagens ilícitas de todas as espécies”. A atuação do grupo valia-se, na maioria vezes, da ausência física de Delegado de Polícia lotado nas duas subdelegacias, para desviarem valores recolhidos a título de fiança, exigir dinheiro para colocação em liberdade, apropriação de bens apreendidos, praticar advocacia administrativa e receber vantagem indevida ou aceitar promessa de vantagem.

No decorrer da prática dos crimes, os três também atuaram em outros delitos de forma individualizada ou com a coautoria de outros indivíduos, sendo especificamente denunciados também os policiais militares Oseas Maher Barbosa Andrade e Elimar Pereira de Souza. Os dois, embora não fizessem parte da associação criminosa, demonstraram estreita ligação com seus integrantes, mesmo não tendo utilizado especificamente a função exercida na atividade policial para cometimento dos crimes.

As investigações apontaram também que Sérgio de Sousa Ferreira e Marcelo Rodrigo de Oliveira praticaram receptação, crime cometido em conexão com os praticados pelos policiais civis e militares, demonstrando certa conivência de integrantes da população com a forma de agir do grupo criminoso. A forma de agir do grupo e a participação de cada um foram definidas a partir de provas colhidas no inquérito policial instaurado pela Corregedoria da Polícia e no Procedimento de Investigação Criminal instaurado na Promotoria de Justiça, “convergindo para a comprovação das atividades criminosas praticadas pelos denunciados.”

De acordo com a denúncia, foi comprovado que os atos de corrupção instalados nas unidades da Polícia Civil da comarca de Nova Crixás afetaram a credibilidade da instituição perante a sociedade. Desta forma, na denúncia, o MP-GO requereu a fixação de danos morais coletivos em face da conduta danosa praticada no valor de R$ 100 mil para Lucas Rodrigues, Rogério Nunes e Diego Alves.

O promotor de Justiça requereu o compartilhamento de provas com a Justiça Militar, em razão de infrações criminais e administrativas praticadas por policiais militares no exercício da função, e com o Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), tendo em vista a constatação de possível relação espúria entre os denunciados e advogados com atuação na comarca de Nova Crixás. (MP-GO)