Maioria dos estudantes não se sente apta ao mercado após graduação

Os jovens brasileiros acreditam que a graduação é importante para o ingresso no mercado de trabalho, mas não estão tão confiantes se saem das universidades munidos de conhecimentos e habilidades necessárias para enfrentar todos os desafios do mercado de trabalho e começar bem uma vida profissional. A afirmação é da pesquisa Radar Jovem, que levantou dados sobre o mercado de trabalho e consumo de mais de dois mil jovens brasileiros com idades entre 18 e 30 anos.

O levantamento, organizado pela agência B2, especializada em conhecimento jovem, nas capitais Goiânia, São Paulo, Rio Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis e Curitiba, observou que 70% dos jovens disseram não se sentir preparados para enfrentar o mundo corporativo. A culpa, eles colocam nas próprias universidades, que não conseguem oferecer disciplinas e conhecimentos práticos que se aproximem do que será cobrado no mercado de trabalho.

Também foi observado no estudo uma grande diferença na inserção dos participantes no mercado de trabalho. A maior quantidade de jovens no mercado profissional está em São Paulo (82%). No Rio de Janeiro, esse percentual cai para 70%. Goiânia tem 51,5% dos jovens que afirmam estar trabalhando e em Belo Horizonte o percentual fica em 51,74%. Em Curitiba e Florianópolis, o índice cai para 33,11%.

Se o desejo é empreender, a reclamação segue no mesmo sentido. “O jovem quer criar o próprio negócio, mas não sabe por onde começar. Mais uma vez, responsabiliza a universidade”, diz Ricardo Buckup, sócio-fundador da B2. “O resultado surpreendeu. Não esperávamos realidades tão distantes para o início de carreira dos brasileiros”, diz Buckup.

Também foi observado um item comum na maioria dos jovens, a impaciência de continuar em uma empresa que não apresenta imediatamente um plano de carreira. Apenas 30% permanecem no emprego por mais de um ano. Eles esperam que a empresa tenha valores, sendo a ética lembrada por 52% deles. Oportunidade de crescimento/aprendizado, bom salário e qualidade de vida veem logo em seguida, com 52%, 41%, 40% e 30%, respectivamente. A compra da casa própria e a conclusão de cursos de especialização e MBA são os principais objetivos a médio prazo (até três anos) para 56% dos jovens.

O estudo mostrou ainda que jovens têm dobro de facilidade para arrumar emprego que mais velhos, mesmo com a inexperiência, e que 30% deles permanecem no emprego por mais de um ano.

Consumo
De acordo com o levantamento que também traz dados sobre o consumo, os jovens representam 57% da movimentação financeira do País, com poder de compra de R$ 37 bilhões ao ano, em dados baseados em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e em dados do instituto Ipsos/Marplan. Desse público, 37% fazem compras em shoppings, contra 33% dos adultos.

Esses jovens também acreditam que “seu estilo de vida acaba impactando os mais velhos e os mais jovens: enquanto os mais jovens aspiram ser como eles, os mais velhos se inspiram em seus valores e comportamentos”.

Da população com idades entre 18 e 24 anos, 17,8% encontra-se nas universidades, sendo 52% deles em entidades particulares. Ao todo, são 5,7 milhões de estudantes, segundo a pesquisa. No quesito renda, 46% têm remuneração média de R$ 2 mil e 56% moram com os pais.