Filha do dono da Borges Landeiro divulga nota em que diz morar nos EUA e estar afastada da direção da empresa

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Camila Landeiro Borges, filha do dono da Borges Landeiro, Dejair Borges, que teve a prisão decretada durante uma operação do Ministério Público que apura fraudes em falências de empresas, enviou nota ao Rota Jurídica na qual garante que embora esteja sendo noticiado que ela está em viagem aos Estados Unidos, a verdade é que ela reside naquele país, estando, portanto, afastada da administração da empresa.

Dejair Borges, Camila e outras 10 pessoas, incluindo cinco advogados, tiveram a prisão autorizada pela juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Organização Criminosa e Lavagem de Capitais. Na nota, Camila destaca que vai voltar ao Brasil para contribuir com as investigações após ter tomado conhecimento da Operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Goiás, com apoio das Polícias Militar e Civil e dos Gaecos de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

Durante a operação foram cumpridos 7 mandados de prisão preventiva, 6 de prisão temporária, 26 de busca e apreensão, e 26 ordens/mandados de sequestro de bens, inclusive de várias propriedades rurais e de uma aeronave Piper Aircraft. Foram também bloqueados bens dos investigados, até o montante de R$ 500 milhões, o dobro do valor da dívida do grupo empresarial, montante este, conforme a magistrada, que servirá para a reparação dos danos materiais e/ou morais causados aos credores.

Oito meses de investigação
A investigação vem sendo desenvolvida há cerca de oito meses e, em sua primeira etapa, abrange crimes cometidos antes e durante a recuperação judicial do grupo empresarial Borges Landeiro, a qual deverá ser concluída nos próximos dias. Conforme apurado até o momento, a organização criminosa está, didaticamente, subdividida em quatro núcleos: o “financeiro”, o “empresarial”, o “jurídico” e o “de fachada ou de laranjas”. Esses núcleos interagiam e se intercomunicavam, formando uma verdadeira rede criminosa com estrutura permanente e compartimentada.

Conforme apontado na decisão da magistrada, embora o grupo Borges Landeiro possuísse patrimônio para satisfazer as dívidas, adquiriu “o pacote recuperação judicial” ofertado por dois dos advogados investigados, assim, foi constituída uma empresa de fachada, com laranjas, para ocultar os recursos do grupo empresarial e adquirir, por meio dela, com deságio de mais de 55%, os créditos da recuperação judicial, de forma que todos os bens voltavam para o grupo em prejuízo dos credores que, pressionados pela possível decretação da falência do grupo empresarial, venderam seus créditos com o deságio mencionado.

Leia a íntegra da nota enviada

Em atenção à imprensa e à sociedade, em virtude de notícias veiculadas pela mídia na data de ontem (21.11.19), venho por meio desta nota esclarecer e informar o que segue:

Embora esteja sendo noticiado que estou “em viagem” aos EUA, a verdade dos fatos é que aqui resido desde o dia 25.12.2018. A última data que estive no Brasil foi no dia 24.12.2018. Portanto, me encontro afastada da direção da empresa Borges Landeiro.

Informo ainda que tomei conhecimento das acusações somente na data de ontem e providenciarei minha ida ao Brasil o quanto antes, a fim de prestar todas declarações que forem necessárias para o esclarecimento dos fatos.

Por fim, esclareço que já constitui advogado para que este encaminhe ao Poder Judiciário os documentos contendo meu atual endereço no exterior, me colocando assim à inteira disposição da justiça brasileira para contribuir com a investigação instaurada.

Camila Landeiro Borges

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