Ex-vereador de Goiânia é preso por suspeita de fraude na área de habitação

Cerca de 1,5 mil famílias de baixa renda teriam sido lesadas por uma associação criminosa que foi desarticulada durante a Operação Alicerce, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) nesta quinta-feira (26/10). Ela funcionava em uma associação sem fins lucrativos com nome Sociedade Habitacional Comunitária (SHC), que era liderada pelo ex-vereador de Goiânia Maurício Beraldo, que foi preso temporariamente nesta manhã.

O prejuízo, segundo explicaram promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP-GO (Gaeco), pode ter ultrapassado a cifra de R$ 1,2 milhão, que foi o montante movimentado pelos integrantes da associação entre 2012 até o ano passado.

Segundo a investigação o esquema funcionava desde 1997. Contudo, a partir de 2012, foi intensificado quando a SHC firmou convênio com o Estado de Goiás, durante o qual ficou responsável por captar famílias para serem beneficiadas em programas de habitação e cobrar valores indevidos de pessoas de baixa renda, para que seus nomes fossem incluídos na lista, cuja atribuição ficou a cargo da própria entidade investigada, que era comandada pelos investigados.

O coordenador do Gaeco, Thiago Galindo, durante a investigação “identificou-se repasses vultosos de dinheiro da conta da SHC para a conta pessoal de alguns investigados, inclusive para a conta do ex-vereador que não tinha relação formal com a associação desde 2002, o qual agia como um ‘diretor oculto’. Esse montante chegava ao valor de até R$ 50 mil por transferência”, afirmou.

O promotor Ramiro Carpenedo explicou que a associação cobrava um valor base para a inclusão do nome na lista de beneficiados no Residencial João Paulo II. O valor era de R$ 15 mil por família e sua cobrança era completamente irregular. “Trata-se de um benefício e não pode haver cobrança, uma vez que o programa é financiado por bancos públicos e pelo governo”, disse.

Os promotores explicaram que as justificativas apresentadas às famílias para a cobrança das propinas eram diversas. “Ora dizendo que seriam destinados para a construção de alicerces das casas, ora alegando que seriam destinados a outros beneficiários que haviam desistido do projeto, o que não correspondia à verdade”, explicou o promotor Luis Guilherme.

Isso fez com que muitas famílias de baixa renda que pagaram os valores indevidos para a SHC não receberam as casas, gerando o prejuízo. Para tentar ressarcir esses valores, a Justiça deferiu medidas de sequestro de até R$ 2 milhões, incluindo imóveis. O MP-GO apura, agora, o destino do dinheiro desviado.

Participaram da ação os promotores Thiago Galindo, Denis Bimbati, Gabriella de Queiróz, Luis Guilherme Gimenes, Ramiro Carpenedo, Daniel Pessoa, Antônio Freitas e Marcelo Amaral, além de delegados e agentes da Polícia Civil, policiais da Polícia Militar e agentes do Gabinete de Segurança Institucional do MP (GSI-MP). Fonte: MP-GO