OAB-GO 2021: eleições on-line pelo bem da advocacia!

*Glauco Felipe

Muito tem se falado sobre o pleito classista que se avizinha este ano. As preocupações são muitas, quase todas compreensíveis e legítimas.

Tenho acompanhado a manifestação de colegas avaliando a conjuntura: os nomes que se põem na disputa; as propostas que precisam ou não ser formuladas; e já constam nas mais diversas redes sociais as fotografias dos encontros presenciais com os conhecidos cafés da manhã; buffets; almoços e jantares que sempre aparecem em ano de eleição.

Aliás, a OAB, voz da sociedade, para legitimar-se perante o povo deveria começar a mudar as suas próprias regras eleitorais. Nas eleições brasileiras (qualquer delas: municipal, estadual ou nacional), há muito não se admite o “escambo” eleitoral. Porque é bem óbvio que os coffee breaks não são gratuitos. O candidato interessado desembolsa um valor para pagar o cafezinho, o salgadinho, a cerveja ou o churrasco. Esse valor vai ser recompensado com a gestão do órgão representativo de classe. De maneira idônea ou não muito ortodoxa? A pergunta é meramente retórica.

Não gosto de comparecer a eventos dessa natureza. Em realidade, a navegação social é interessante. Mas, o meu voto particular é convencido pelos argumentos. Não pela cerveja gelada ou o salgadinho gostoso. Talvez as regras eleitorais precisam ser repensadas e o próprio sistema OAB em si completamente reconstruído (eleições diretas para os conselheiros da nacional; vedação da partidarização política da entidade; dentre outras pautas que se colocam diante dos olhos dos advogados quase todos os dias).

Alguns colegas falam na defesa das prerrogativas. É bem verdade que precisamos que a OAB pare de ser carrasca de seus membros e comece a defender os seus inscritos, observando alguns absurdos que requerem atitudes mais enérgicas do que os simples palanques dos circos, dos comícios travestidos de atos de desagravo. Muito barulho pra pouca ação e mudança efetiva. Por isso, palanque meramente simbólico para palquistas não muito profissionais.

A primeira e inadiável preocupação para 2021 foi levantada em Goiás por apenas um dos candidatos, sem qualquer evolução ou confirmação de sucesso. No pleito da municipalidade, havido em outubro e novembro do ano passado, a abstenção chegou a patamares próximos de 40%. O povo, ou boa parte dele, não quis sair de casa pra escolher seus representantes. Alguém acredita que vai ser diferente na OAB? Fato é que a pandemia não acabou e se a advocacia é capaz de pleitear direitos em juízo utilizando seu certificado digital, bastando estar com o computador dentro de casa, também deveria ter condições de exercer o escrutínio corporativo da mesma maneira.

Como um simples causídico de meia idade, mas, doente crônico e apático aos discursos demagógicos classistas, só vou votar se as eleições forem online, como tem sido quase tudo nessa vida, nesses tempos pandêmicos. Ninguém garante que as salas de votação serão desinfetadas; bem como ninguém assegura que os nobres interessados serão capazes de respeitar regras mínimas de sobrevivência como o distanciamento social e o uso de máscaras. Pelo contrário: todos sabemos como é no dia da votação e o verdadeiro assédio que alguns praticam contra os outros fazendo a boa e velha “boca de urna”.

Firme neste sentido, a mim me resta justificar o voto se presencial ele tiver que ser manifestado e o sistema OAB provavelmente admitirá o atestado médico a ser apresentado. Isso se a preocupação primeira dos obcecados pelo poder seja outra que não apenas o próprio poder: a vida dos advogados importa. Nossa saúde também. Votar on-line é possível e viável. O “fica em casa” e o seu fato gerador – “o corona vírus” – ainda não acabaram…

*Glauco Felipe é advogado.