Direito, uma preocupação da educação ou obtenção de lucros?

Ana Carolina Marques

Dados da OAB em 2012: no Brasil existem mais de 750 mil advogados e mais de 1,5 milhões de bacharéis em Direito.

Uma situação preocupante tanto para o mercado, logo, que os profissionais com essa formação-cientifica sustentam suas famílias, quanto para a sociedade, em que, o advogado representa o cidadão perante o Poder Público, e parte desses profissionais se encontrando-se em situação de completo desespero econômico, passam a não cumprir, ou deixam de observar as tabelas de honorários da OAB, chegando a cobrar valores irrisórios e injustos à eles mesmos, que se dedicaram por cinco anos da graduação.

Desmerecendo seu próprio suor.

Mas a discussão vai além, no dia 23 passado, o presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, emitiu uma nota contra as autorizações à aberturas de cursos de Direito, em que o Ministério da Educação (MEC), reiteradamente, sem observar as necessidades sociais, as estruturas para receber os discentes, ou ate mesmo a qualificação de ensino, concedem a instituições que se utilizam da propaganda enganosa, uma forma de atrair estudantes a investirem em sua formação à faculdades que estão unicamente preocupadas com o lucro.

O que segundo ele, fragiliza o mercado, resultando em uma enxurrada de profissionais sem condições de enfrentar o mercado de trabalho.

Sem dúvida o Exame de Ordem é o selo de qualificação dos profissionais do Direito, em que muitos colam grau, mas a advocacia inicia-se apenas com a aprovação no Exame, que se não houvesse, o mercado tenderia a estar ainda mais saturado.

Todos possuem competência, com o devido ensino de qualidade, diferentemente do que as instituições que são abertas sem observar requisitos mínimos entregam, e por lógica, também não selecionam os próprios ‘’consumidores’’(alunos), que muito jovens e despreparados tendem a enfrentar o mercado de trabalho sem qualificação.

O que nos atrevemos a concluir é que o MEC, não está preocupado com a situação econômica do pais, ou, com alcance ainda maior de ensino superior de qualidade aos brasileiros, e sim, somente com a arrecadação pertinente as liberações de cursos, e que as instituições com intuito unicamente lucrativo se beneficiam, mas que despejam no mercado, profissionais desqualificados enganados, fases de um ciclo que não se fechará enquanto não houver fiscalização e adequação necessária que o ensino superior necessita.

*Ana Carolina Marques, graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, coordenadora da subcomissão dos Estagiários e estudantes de Direito da OAB-GO.