Dia do Advogado: Há o que comemorar?

advogado marcelo di rezende - horizontalA celebração deste 11 de agosto, dia da criação dos cursos jurídicos no país, representa também a data escolhida para parabenizarmos a classe advocatícia, composta por profissionais representantes da mais importante entidade da sociedade civil organizada, sendo uma verdadeira voz da cidadania e exaustiva combatente do arbítrio e da violência.

Já desde o seu surgimento, cremos que a comunidade composta por advogados, tornou-se notória por sempre manter-se ativa e vigilante no desempenho de sua missão institucional de guardiã das liberdades civis, da democracia e do Estado de Direito.

Todavia, desde os anos pretéritos mais recentes, seus membros viram-se assolados por acontecimentos deletérios que atingiram, desde o desrespeito às prerrogativas destes profissionais, que nada mais é do que a violação dos direitos dos cidadãos, até o surgimento de cruéis e fatídicos acontecimentos, como foram os atentados ainda não resolvidos de alguns de nossos membros, muito deles em nosso Estado, ou ainda a invasão de seus escritórios sob o pretexto de uma “investigação”.

Pois bem, vivenciando o Direito como um todo, infelizmente temos a perceber também, que a proliferação indiscriminada de cursos jurídicos de baixa qualidade no país, em adição ao surgimento de comportamentos de poucos maus profissionais que andaram a desviar normas disciplinares de sua classe, tornaram, a mais bela das profissões, por vezes e injustamente, desvalorizada e carregada de preconceitos.

Acontece que, mesmo diante de tantas adversidades, é sabido que a sociedade como um todo pode contar com o apoio dos advogados, vez que, é na maioria das vezes, são os únicos em que ela deposita sua confiança, facilitando o acesso à justiça para todos, bem como fazendo cumprir direitos básicos que são esculpidos pela Constituição Brasileira, frente às várias dificuldades, deficiências e mazelas existentes no Poder Judiciário que somente pode se movimentar quando instigado.

De qualquer forma, temos ainda em mente que o prestígio de que ostenta nossa classe em todos os três poderes da República do Brasil é, fundamentalmente, a consequência do respeito que a população reconhece em cada advogado, estampados em valores adjetivados como sendo a retidão moral, a honradez e a bravura existente em cada profissional, qualidades estas que lhe fazem credor da admiração e do respeito das pessoas como um todo.

Assim, mesmo com a atual situação adversa e deveras alarmante ora vivida e até há pouco tempo desconhecida na OAB de Goiás, cheia de dívidas e problemas internos, e que clama por mudanças em sua gestão, que nos cumpre expressar com ênfase, que devemos comemorar sim o Dia do Advogado, agradecendo a cada colega, pela seriedade com que se empenham no trato de suas causas, pela serenidade com que oferecem conforto à angustia dos que lhe procuram, além do denodo na defesa de seus clientes.

Aos advogados brasileiros e, em especial, aos profissionais goianos, neste nosso dia, nossas sinceras homenagens, desejando ainda contínuo trabalho, sempre primando pela ética, lealdade e competência, aliado ainda à independência com que exercem esta magnífica profissão secular que é a advocacia, pois sem esta não haveria de se produzir Justiça e sem a qual não se asseguraria o valor constitucional da igualdade, da liberdade e da democracia.

* Marcelo Di Rezende é advogado, Mestre em Direito pela PUC-GO, Professor universitário de graduação e pós-graduação. Autor dos livros “A Aplicabilidade das Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil”, “Academia Goiana de Direito” e “Reflexões Sobre o Direito do Início do Século XXI”. Membro da Academia Goiana de Direito, da Academia Goianiense de Letras e da União Brasileira de Escritores (UBE-GO).