22,5% dos pretendentes à adoção querem crianças brancas, aponta CNJ

Apesar da nítida queda nos últimos anos da escolha pela cor de crianças a serem adotadas, 22,5% dos pretendentes à adoção preferem menores brancos para ter como filhos. Em 2010, esse total chegava a 38,7%, caindo gradativamente ao longo do tempo: 37,9% em 2011, 35,5% em 2012, 32,3% em 2013, 29,5% em 2014 e 27% em 2015. Os dados são do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), da Corregedoria Nacional de Justiça.

Dos mais de 6 mil menores aptos à adoção que constam no CNA, 17% são negros, 48,8% pardos, 33,4% brancos, 0,3% pertencem à raça amarela e outros 0,3% são indígenas. No mesmo período, o número de candidatos que aceitam crianças negras subiu de 30,5% para 46,7% dos pretendentes do cadastro. Também aumentou o total de adotantes que aceitam crianças pardas, saindo de 58,5% em 2010 para 75% este ano.

Até abril deste ano, foram feitas 252 adoções no país pelo CNA. Destas, 119 foram de crianças negras e pardas. Esse crescimento também impacta nas adoções tardias, que são as que envolvem crianças com mais de três anos. Atualmente, das 5,9 mil crianças com mais de três anos, 68% (4 mil) são negras ou pardas.

Em 2010 foram feitas 114 adoções tardias (43% do total) e esse montante alcançou 50% em 2015, quando 711 crianças com mais de três anos foram adotadas. Entre as crianças de 0 a 3 anos não completos, 332 das 654 são negras ou pardas (51%).

A corregedora nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi, avalia que ainda existem muitos entraves legais e burocráticos para definir judicialmente que uma criança está disponível para adoção. “A lei estabelece que os vínculos biológicos devem ser prestigiados e os pais biológicos, ou a família extensa, devem ser consultados e preparados. Nesse período, a criança permanece acolhida e o Ministério Público fica na dúvida em propor a ação de destituição do poder familiar.” Com informações da Agência CNJ de Notícias.