Síndrome de Burnout assusta o regime remoto de trabalho; advogadas apontam ações de prevenção à doença ocupacional

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Com a pandemia do coronavírus, empresas de pequeno a grande portes foram obrigadas a adotar o home office. O que antes era uma forma de trabalho pouco conhecida e, até mesmo, difícil de ser empregada em diversas áreas, hoje é uma nova realidade que permanecerá pós pandemia. Diante dessas novas relações de trabalho, discussões acerca das doenças ocupacionais voltam a ser destaque no âmbito da Justiça do Trabalho.

Pesquisa divulgada pelo LinkedIn mostrou que 62% dos profissionais estão mais ansiosos e estressados com o regime remoto de trabalho. Isso se dá pelo fato de os trabalhadores encontrarem diversas implicações em suas residências para o exercício de suas funções profissionais, como por exemplo, crianças fora das escolas, afastamento de colaboradores domésticos e, também, restrições econômicas, isolamento social, falta de lazer, entre outras.

Advogada Bruna Giagini

De acordo com a advogada trabalhista Bruna Giagini, a combinação entre rotina de trabalho e rotina doméstica vai possibilitar o aumento da síndrome de Burnout – doença reclassificada pela Organização Mundial da Saúde como esgotamento físico e mental associado à atividade profissional. “Isso pode causar o afastamento do empregado por doença ocupacional, além de gerar transtornos e condenações trabalhistas para os empregadores”, afirma a advogada.

Com várias empresas sinalizando que vão continuar com o modelo home office mesmo após a pandemia, Bruna acredita que cada vez mais a síndrome de Burnout vai ser tratada como uma questão usual dessas novas figurações de trabalho. “ Diante disso, os sindicatos precisarão se adequar, alterar convenções coletivas, acordos coletivos e incluir cláusulas para proteger mais os trabalhadores e empregadores em relação a essa síndrome”, ressalta.

A também advogada Carla Sahium, explica que o envolvimento dos sindicatos vai exigir uma avaliação ainda mais precisa por parte das associações do que é melhor para o empregado e empregador. “É uma avaliação de pontos importantes de estresse e de esgotamento que deve ser tratada com cuidado. Ou seja, as empresas devem estar agora com assessoria ou metas de avaliações diferenciadas desses seus trabalhadores e, também, daqueles que contratam”. Sahium ainda salienta que os empregadores também correm risco de serem vítimas de doenças de trabalho, e que devem estar atentos.

Como prevenir

Advogada Carla Sahium

Neste cenário de acúmulo de tensão em decorrência da pandemia e da migração dos ambientes de trabalho, as advogadas apontam algumas ações de prevenção à síndrome de Burnout que podem ser adotadas. A importância de se incluir a ciência no debate é apontada pela advogada Carla Sahium como uma forma de olhar com mais sensibilidade a esse novo contexto. “Médicos do trabalho podem alertar sobre os cuidados físicos e mentais que esses empregadores devem ter, desenvolvendo exercícios ou formas de atividades exclusivas”.

A advogada ainda explica que mesmo com a distância física entre empregados e empregadores é importante que as empresas se façam presentes nessas rotinas de cuidados, disparando comunicados online, pedindo para que seus funcionários se levantem e alonguem-se para evitar situações de esgotamento total ao longo das jornadas de trabalho e que avaliem possibilitem mesmo a distância conversem de forma remota para ouvirem seus colaboradores. Novo normal trará novas formas de conversação entre empregados e empregadores.

Quanto aos deveres que devem ser cumpridos pelos empregadores para se evitar condenações no âmbito da justiça do trabalho, Bruna Giagini explica que, antes de mais nada, as empresas devem respeitar a jornada de trabalho de seus empregados. “Respeitar e controlar as jornadas de trabalho para se evitar cobranças excessivas e trabalhos fora de hora”, e complementa: “Deve-se adaptar e modificar a rotina de trabalho remoto virtual à nova relação de trabalho”.