Recebido mais um inquérito contra vigilante Tiago Henrique

Mais um inquérito envolvendo homicídio supostamente praticado pelo vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha foi recebido ontem pela 1ª Vara Criminal de Goiânia. Desta feita, trata-se do homicídio do morador de rua Wesley Alves Guimarães, de 40 anos. O crime ocorreu no dia 9 de dezembro de 2013, sob a marquise de uma loja na Avenida C-4, no Jardim América, na capital. Com mais este inquérito, sobe para 26 o número de processos de homicídios contra Tiago Henrique em tramitação nas duas varas criminais que tratam de crimes dolosos contra a vida da capital – 22 na 1ª Vara Criminal e 4 na 2ª Vara Criminal.

Nesta tarde foram realizadas mais duas audiências de assassinatos atribuídos pela Polícia Civil a Tiago Henrique na 1ª Vara Criminal de Goiânia. Nas duas ocasiões ele permaneceu em silêncio e chegou a debruçar-se sobre a mesa quando questionado pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara. Também participaram o promotor de Justiça Cyro Terra e a advogada de defesa Brunna Moreno de Miranda Bernardo.

Estudante assassinada
“É uma dor que não acaba, queria apenas saber o que se passa na cabeça dele, para ele matar pessoas como se mata uma barata, um bicho. Ele estragou a minha vida, tirou um pedaço de mim.” A afirmação é de Inês Erika de Lima, mãe de Ana Rita de Lima, e foi realizada durante audiência ontem. O vigilante Tiago Henrique é acusado de ter matado a estudante por volta das 15 horas do dia 12 de dezembro de 2013, na Rua Central, na Vila Santa Teresa, na capital.

Inês de Lima contou que a filha era aluna dedicada e não tinha inimizades. Lembrou que estava no trabalho quando recebeu ligação telefônica avisando que Ana Rita havia sido assassinada. Ao chegar ao local do crime, ouviu a informação de que o assassino era um homem que estava em uma moto preta. Posteriormente foi comunicada pela Polícia Civil de que Tiago Henrique havia confessado o homicídio, tendo até descrito o local e a roupa que ela usava.

A irmã de Ana Rita, Leiriane Cristina de Lima, durante depoimento marcado por emoção e lágrimas, contou que as pessoas que estavam na praça onde ocorreu o crime contaram que o assassino era um homem alto, usando roupa e capacete pretos, com mochila nas costas e pilotando uma moto preta. O ex-namorado de Ana Rita, Riusley Richard Araújo Rodrigues contou que o relacionamento entre ele e a vítima durou cerca de 18 meses e havia sido rompido no sábado anterior ao homicídio, ocorrido em uma quinta-feira. “Cheguei a figurar como suspeito, por ser ex-namorado dela e ter uma moto preta também. Mas a polícia me avisou, depois da prisão de Tiago Henrique, que havia desvendado o crime”, afirmou.

Fotógrafo morto com um tiro
Na outra audiência, que apura a morte de Mauro Ferreira Nunes, a atendente da loja onde ocorreu o crime, Lucimaria Carmo dos Santos disse não se lembrar da fisionomia do homem que cometeu o homicídio, apenas que seria bonito, alto e de porte atlét ico. O crime ocorreu no dia 28 de março de 2014, em loja de fotografias na Vila Canaã. O assassino chegou à loja de moto, desceu do veículo e tirou o capacete. Ele entrou já de arma em punho e apontou o revólver para a cabeça da atendente, anunciando um assalto. Em seguida, virou-se para o lado, onde estava Mauro Nunes, e pediu-lhe o celular para, em seguida, disparar um tiro. “Inicialmente fiquei paralisada, mas depois sai correndo para os fundos da loja”, relarou Lucimaria. Segundo ela, o assassino saiu andando calmamente em direção à moto e foi-se embora.

Outro empregado da loja em que ocorreu o homicídio, Alexandre Costa Rodrigues, havia acabado de atender Mauro Nunes. Ele contou que viu apenas a mão do assassino e quando este caminhava em direção à porta de saída do estabelecimento comercial. “Ele colocou o capacete na cabeça e saiu calmamente. Sei que era alto e branco, mas não vi seu rosto”, afirmou Alexandre Rodrigues, confirmando que o tipo físico coincide com o de Tiago Henrique. Ele lembrou-se também das roupas que o matador usava: calça jeans, camisa e capacete pretos e a moto preta.

O filho de Mauro Nunes, Mauri Nunes dos Santos, durante o depoimento, disse não acreditar que Tiago Henrique tenha matados seu pai: “Ele não tinha motivos para cometer o crime”, afirmou. Mauri dos Santos reclamou da demora da comunicação da morte – cerca de 24 horas – e que no Instituto Médico-Legal (IML) ele constava como indigente. “Fiquei sabendo que haviam descoberto a autoria do crime pela Polícia Civil, que contou ter confirmado que seria Tiago Henrique pelo exame de balística no projétil que atingiu meu pai”, afirmou.