Brasileiro confia mais na imprensa do que no Judiciário e no MP, diz pesquisa

A confiança dos brasileiros no Ministério Público diminuiu desde o ano passado. De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, o grau de confiança no órgão passou de 48% para 43%. No mesmo período, a confiança da população na imprensa escrita passou de 44% para 47%.

A confiança no Poder Judiciário também aumentou, mas a melhora está longe de ser suficiente para torná-lo umas das instituições mais confiáveis. De acordo com a pesquisa, a confiança no Judiciário só é maior do que em “políticos” e no Poder Executivo. Na outra ponta da pesquisa estão as Forças Armadas, a Igreja Católica e a imprensa escrita.

Os dados são do Índice de Percepção do Cumprimento das Leis (IPCLBrasil), mensurado pela Escola de Direito de São Paulo da FGV, e que mostra o quanto a população considera importante respeitar ou não as leis.

A pesquisa ouviu 3,3 mil pessoas do Amazonas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Entre os que se classificaram como negros e pardos, a confiança no Judiciário e na polícia é ainda menor, se comparado com as respostas dadas por brancos e amarelos. Enquanto que, entre brancos, a confiança da população na polícia e no Judiciário chega a, respectivamente, 37% e 27%, ela cai para 30% e 22% se perguntarem a negros, pardos e indígenas.

Por outro lado, a confiança cresce entre negros quando se refere a governo federal e Congresso Nacional, chegando a 24% e 20%, respectivamente, contra uma confiança de 18% e 14%, quando a resposta é dada por brancos.

Indicadores de cumprimento das leis
O indicador de legitimidade avaliou a opinião dos entrevistados quanto à importância de se obedecer à lei, aos policiais e aos juízes. E uma das conclusões a que se chegou é que 80% dos brasileiros reconhecem que é fácil desobedecer às leis no Brasil. Para 81%, sempre que possível, o cidadão brasileiro apela para o “jeitinho”.

Por outro lado, 78% dos entrevistados consideram que alguém que desobedece à lei é mal visto pelas outras pessoas, enquanto 78% afirmaram que as pessoas têm a obrigação moral de pagar uma quantia à outra pessoa, mesmo que discorde da decisão, se a ordem partir de um juiz. Esse percentual cai para 46% se a ordem partir de um policial.

Comportamento
Outra questão analisada no IPCLBrasil é comportamento. Foi perguntado com que frequência os próprios entrevistados violaram determinadas condutas. O indicador é elaborado com base em dez situações diferentes, a partir das quais se pergunta aos entrevistados com que frequência tiveram esse comportamento nos últimos 12 meses.

No primeiro trimestre de 2015, os resultados revelam que as condutas “atravessar a rua fora da faixa de pedestre” e “comprar produtos piratas” são as mais recorrentes entre os entrevistados, seguidas pela conduta de “fazer barulho capaz de incomodar os vizinhos”.

Numa escala de 0 a 10, a nota final do IPCLBrasil foi 7, um pouco maior do que a nota registrada no primeiro trimestre de 2014 (6,5).

Veja a avaliação de confiança de cada instituição:

Igreja: 50,8% confiam sempre; 19,4% confia na maioria das vezes; 13,8% confia poucas vezes; 14,6% não confiam nunca e 1,4% não sabe ou não respondeu.

Forças Armadas: 26,1% confiam sempre; 24,2% confiam na maioria das vezes;  26,6% não confiam nunca; 20,3% não confiam nunca; 2,8% não sabe ou não respondeu.

Imprensa: 32% confiam poucas vezes; 26,1% não confiam nunca; 24,3% confiam na maioria das vezes; 16,1% confiam sempre e 1,5% não sabe ou não respondeu.

Justiça: 37% confiam poucas vezes; 27,5% não confiam nunca; 20,1% confiam na maioria das vezes; 14,2% confiam sempre; e 1,2% não sabe ou não respondeu.

Polícia: 38,7% confiam poucas vezes; 28,6% não confiam nunca; 21% confiam na maioria das vezes; 10,7% confiam sempre; e 1% não sabe ou não respondeu.

Governo: 61,1% não confia nunca; 27% confia poucas vezes; 6,2% confia na maioria das vezes; 4,1% confiam sempre; e 1,6 não sabe ou não respondeu.

Congresso Nacional: 55% não confiam nunca; 31,2% confiam poucas vezes; 6,9% confiam na maioria das vezes; 3,2% confiam sempre; e 3,7 não sabe ou não respondeu.

Partidos políticos: 76,2% não confiam nunca; 18,4% confia poucas vezes; 2,7 confia na maioria das vezes; 1,5% confia sempre; e 1,2% não sabe ou não respondeu.