Projeto propõe criar escola integral bilingue em Goiânia

Depois de mais de um ano tramitando na Câmara de Vereadores (a proposta deu entrada na Casa em maio de 2014), o plenário aprovou nesta quarta-feira (9), por 20 votos, em primeira votação, o projeto do vereador Carlos Soares, do PT, que permite a criação de escolas bilíngue em tempo integral no ensino público municipal da capital.

O projeto foi enviado para receber parecer da Comissão de Educação, presidida pelo vereador Paulo da Farmácia, do Pros. Ele prometeu votar a matéria o mais rápido possível na Comissão para que seja apreciada pelo plenário em segunda e última votação ainda neste mês.

O projeto estabelece parâmetros para que seja implantado o ensino de duas línguas: como primeira, a Língua Brasileira de Sinais (libras), usada pelos surdos, e o português escrito como segunda opção. “Ambas, portanto, serão utilizadas no ensino de todas as disciplinas curriculares na educação básica do município”, explica o vereador petista.

Prioridades
Carlos Soares, na justificativa do projeto, disse que nas unidades educacionais que serão criadas terão o ensino inclusivo, ou seja, prioritariamente para alunos surdos, com deficiência auditiva, filhos de pais surdos, professores surdos ou intérpretes que atuem em cada área específica do conhecimento.

“Essa iniciativa”, frisou, “é mais que fazer justiça social. É garantir que essas pessoas sejam “ouvidas”, “atendidas” e “assistidas”. Aliás, quantos surdos não se sentem excluídos por não se comunicarem foram do ambiente familiar?”, indagou.

O vereador do PT lembra que seu projeto visa corrigir uma “falha histórica no ensino em Goiânia, mas igualmente em todo o Estado. Sem essa inclusão do ensino bilíngüe essas pessoas se sentem excluídas, marginalizadas, isoladas do convívio social, pois não são ouvidas e entendidas”.

Soares disse ainda que dados do Fórum estadual de defesa da escola bilíngue estima que existem no Brasil cerca de 10 milhões de surdos. Em Goiás, seriam quase 300 mil. E que a Escola Bilíngue faz parte do Plano Nacional de Educação.

Através de um interprete de sinais, o presidente da Associação de Surdos de Goiânia, Marcos Vinícius Calixto, após agradecer os vereadores que votaram pela aprovação do projeto, lembrou que “a língua de sinais é a maneira de se quebrar barreiras, a escola é fundamental para pessoas que como eu que são surdas”.

E completou: “Nossa comunidade sofre muito com a falta de uma escola voltada para o ensino bilíngüe em Goiânia. Aliás, em Goiás, na cidade de Catalão, temos um vereador surdo, um feito que preciso ser comemorado. A aprovação desse projeto é uma vitória do nosso segmento”.