MP oferece denúncia contra os envolvidos na Operação Compadrio

Marília Costa e Silva

O Ministério Público ofereceu denúncia, na última terça-feira (15), contra os envolvidos na Operação Compadrio, deflagrada no dia 11 de agosto para investigar o desvio de dinheiro público de órgãos estaduais. Na ocasião, foram cumpridos mandados de prisão preventiva e temporária, condução coercitiva e busca e apreensão contra os suspeitos, entre eles o ex-deputado Tiãozinho Costa e o assessor dele, Geraldo Magella, e o diretor da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), José Marcos de Freitas Musse.

O advogado Rogério Leal.
O advogado crimanlista Rogério Leal representa dois dos réus envolvidos no caso

A denúncia foi feita 35 dias depois do início das investigações. Como foram feitas diversas prisões e até agora dois dos envolvidos continuam detidos (Tiãozinho Costa e Magella) a defesa assegura que a denúncia foi tardia, pois o prazo, no caso de réus presos, deve ocorrer em até 10 dias. Outra irregularidade, conforme o advogado Rogério Leal, é que o órgão ministerial protocolizou a denúncia, que recebeu o número 201503361483, e levou a peça acusatória em mãos para a própria juíza do caso, Placidina Pires, da 10ª Vara Criminal de Goiânia.

Conforme Leal, como a denúncia chegou diretamente à juíza, os documentos não chegaram sequer a ficar disponíveis para a defesa na escravania da 10ª Vara Criminal. Em virtude disso, ele afirma que entrou na tarde desta quinta-feira (17) com uma representação para que a magistrada disponibilize os autos para a defesa. “Se isso não acontecer haverá cerceamento da defesa”, assegura o causídico, que representa Tiãozinho Costa e Magella, que até agora foram os que não tiveram êxito nos pedidos de habeas corpus. Eles continuam detidos na Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia há 37 dias.

Procurados pela reportagem,  os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Centro de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), responsáveis pelas investigações, não quiseram comentar a denúncia e nem as acusações feitas pela defesa dos acusados.

O caso
A Operação Compadrio foi desenvolvida em duas etapas. Na primeira, foram presos temporariamente Tiãozinho Costa e o assessor dele Geraldo Magela; José Marcos de Freitas Musse; Carlos Henrique de Paula Cardoso, Cosme Ribeiro da Cunha, Ednei Moreira Borges, Sandra Beatriz Correia e Costa, Edilson Batista e Osmar Pires de Magalhães. Foi realizada ainda a condução coercitiva de 19 pessoas para prestar informações na sede do MP-GO.

Na segunda etapa, a juíza Placidina Pires determinou a prisão preventiva de Sandro Marcucci de Oliveira, proprietário da empresa Padrão Engenharia, e Warley Gomes, dono da Cardoso e Camargo e suspeito de ser laranja de Tiãozinho Costa. Danyllo Camargo, que também figura na lista de suspeitos de laranja do ex-deputado, foi preso temporariamente.

De acordo com o MP-GO, a Operação Compadrio contou com o apoio de 36 promotores de Justiça e cerca de 150 policiais militares. A ação consistiu no desenrolar de uma investigação iniciada em 2013 para apurar “uma organização criminosa instalada em órgãos públicos”. Conforme os promotores, o grupo é suspeito de usar funcionários fantasmas e empresas laranjas para instrumentalizar desvios de dinheiro público.

Os suspeitos também são investigados por favorecimento em licitações públicas, lavagem de dinheiro e retirada fraudulenta de restrições bancárias, cartorárias e no cadastro de proteção ao crédito. Todos os crimes contavam com a colaboração e participação de funcionários públicos.