Homem vítima de crime passional volta a receber aposentadoria por invalidez

Hercules levou dois tiros e ficou paraplégico

Vítima de tentativa de homicídio, Hércules Fernandes de Amorim levou três tiros, sendo um na coluna vertebral, quando tinha apenas 22 anos. O crime fora cometido em 1998, por uma ex-namorada, inconformada com o fim do relacionamento. Como sequela permanente, perdeu os movimentos das pernas. No dia 23, durante o Programa Acelerar Previdenciário, realizado em Alvorada do Norte, ele conseguiu uma liminar para voltar a receber aposentadoria por invalidez.

De 2005 a dezembro de 2016, Hércules exerceu cargo de vereador em Sítio da Abadia, município com cerca de 2 mil habitantes, pertencente ao distrito judiciário local, a cerca de 100 quilômetros do fórum. Por causa do cargo eletivo, o benefício do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi suspenso. Contudo, desde que deixou de ocupar a cadeira na Câmara, não conseguiu retomar o recebimento dos valores mensais, precisando ajuizar ação para pleitear o direito.

Durante audiência, o juiz substituto Fernando Marney de Oliveira Carvalho ponderou que, além da “incapacidade total do autor para o trabalho – demonstrada por laudo pericial – o perigo da demora restou comprovado, uma vez que a renda familiar de Hércules gira em torno do auxílio-doença”. Dessa forma, foi deferida a antecipação de tutela, que compreende o restabelecimento dos pagamentos no prazo de 30 dias.

Hércules, acompanhado da família, comemorou a tutela concedida. “Eu gasto muito com remédios. Preciso fazer uma cirurgia na coluna, que custa R$ 16 mil, mas não tenho plano de saúde. Esse dinheiro faz muita falta”, disse, entre lágrimas.

Acompanhado da esposa e de duas filhas, o homem relatou com tristeza do fato que o deixou em cadeira de rodas. “Era muito jovem e fui aposentado por invalidez. Infelizmente, são comuns crimes passionais, a maioria cometida por homens contra mulheres, mas o contrário, apesar de incomum, também acontece”.

Sobre o crime, ele contou que foi surpreendido pela ex-namorada em seu ambiente de trabalho. “Ela me deu um tiro nas costas, primeiro. Depois, se virou e atirou contra o meu peito. O terceiro tiro ela mirou na cabeça, mas eu coloquei minha mão para me proteger”, fala, mostrando a cicatriz. Após reconstruir a vida, ele endossa: “não é possível se conformar com o que aconteceu, apenas conviver”. Fonte: TJGO