Caso Mara Rúbia: defesa insiste em que caso não é de crime doloso contra a vida. MP pede condenação por tentativa de homicídio

Terminou, às 16h15 desta quarta-feira (19), a sustentação da defesa nos debates orais do julgamento de Wilson Bicudo. Em sua apresentação, o advogado Douglas Dalto Messora (foto) explorou a discordância interna do Ministério Público (MP) acerca da tipificação do crime cometido pelo réu para sustentar que o que ele fez configura lesão corporal, e não tentativa de homicídio. “Ora, se o próprio MP tem dúvidas é porque não tem convicção de que o réu tinha a intenção de matar”, afirmou.

Douglas admitiu que Bicudo agiu com covardia e que errou gravemente, mas clamou para que ele seja julgado, apenas, pelo que fez e não em razão do clamor público causado pelo caso. “Esta claro não apenas para nós da defesa, mas para alguns membros da promotoria, que se recusaram a ofertar denúncia por tentativa de homicídio, que, se ele quisesse mesmo matar, teria ido até o final. Isso é óbvio!”, bradou.

Douglas também tentou sensibilizar os jurados para que analisem o caso com responsabilidade, sem afetação. “Esse caso chamou a atenção da imprensa, mas não é mais nem menos importante que o crime que julgamos ontem e o que julgaremos amanhã”, afirmou, acrescentando: “A dor é que muda de família, mas é a mesma para qualquer caso”.

Assistente de defesa, o advogado Antônio Wilmar Fleury Fernandes também condenou a utilização política do caso. “Houve graves interferências. Políticos que fizeram uso do clamor público para se promover”, lembrou, para sustentar que, com isso, o réu foi prejudicado, uma vez que já chegou ao tribunal de júri, a seu ver, condenado pela opinião pública.

Acusação

O promotor Paulo Pereira dos Santos começou a falar por volta das 13h30 e tentou, durante toda sua apresentação, convencer o conselho de sentença de que o réu cometeu tentativa de homicídio com três qualificadoras: motivo torpe (vingança), com crueldade e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Ele ressaltou a firmeza e coerência das afirmações feitas pela vítima tanto na polícia quanto em juízo e, por outro lado, as contradições do réu. “Isso é motivo suficiente para acreditarmos nela quando disse, reiteradas vezes, que no dia dos fatos o acusado chegou à casa dela dizendo ‘vim aqui hoje para te matar’”.

De acordo com o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, o júri deverá ser encerrado às 18 horas.Fonte: TJGO