Os mitos da terceirização

A aprovação da terceirização para todas as atividades das empresas no Brasil está gerando um caloroso debate nas redes sociais e nos noticiários. Enquanto as empresas comemoram a conquista, apreensivos estão os trabalhadores, especialmente porque o discurso recorrente é o de que a mudança é um retrocesso para quem depende do emprego.

Toda lei nasce da observação das práticas sociais e esta mudança nada mais é do que a regulamentação de uma prática que já vinha acontecendo no mercado. As empresas têm mudado ao longo das décadas em decorrência da evolução da sociedade, que exige mais dinamismo em todas as suas relações, inclusive as trabalhistas.

Um exemplo é a prática do home office, um quarto dos trabalhadores brasileiros já trabalham em casa, de acordo com um estudo realizado pelo instituto norte americano de pesquisa Penn Schoen Berland. Um indicativo de que as pessoas querem economizar o tempo do trânsito e ganhar em mais convivência com a família.

Um dos grandes temores dos trabalhadores é que a nova legislação irá acabar com os direitos trabalhistas, o que é um mito. Na verdade, ela não altera em nada a Consolidação das Leis do Trabalho – a CLT.  Cargos que necessitam de cumprimento de carga horária continuarão existindo.

Outro equívoco é acreditar que a terceirização irá diminuir os salários dos profissionais. Quem define esse valor é o mercado, é a lei de oferta e procura, é a qualidade da entrega de cada profissional.

A análise inflamada tem cegado a sociedade de enxergar os avanços que a mudança traz. Não há lados opostos, estamos juntos no mesmo barco. A terceirização trará segurança jurídica para muitas atividades produtivas que hoje estão obscuras na informalidade e, com a regulação, irão crescer e gerar oportunidades para mais pessoas.

Se as empresas crescem, postos de trabalho são gerados e uma cadeia de desenvolvimento se instaura. O contrário também é verdadeiro. Empresas sem incentivos contratam menos, aumenta a mão-de-obra disponível, e isso leva inclusive à queda dos salários. Temos 13,5 milhões de desempregados no País, de acordo com dados do IBGE, que precisam de oportunidade.

A terceirização será um grande aprendizado para os brasileiros que, apesar de ter veia empreendedora, ainda se prendem muito à cultura do limitante do emprego. Chegou a vez dos profissionais empreendedores, com visão expandida das possibilidades de parcerias e trabalho, que encontrarão muito mais espaço para crescer.

*Marcelo Camorim é gestor empresarial, diretor da Fox Partners.