Compra de veículos: poupança ou financiamento?

advogado João LucasAtualmente, com a facilidade de crédito no mercado, uma pessoa pode comprar ou trocar o seu veículo sem necessidade de pagar nem R$ 1,00 de entrada. Será que isso é bom?

Não apenas com relação a carros, motos, ao efetuarmos compras em estabelecimentos comerciais, principalmente lojas de magazine, ao adentrar já somos surpreendidos com a oferta de cartões; na hora de pagar somos induzidos a dividir em 8 ou mais vezes, pois a partir dessa quantidade começam a contar juros. Humm… Se isso fosse ruim para a instituição, não haveria toda essa oferta!

Aprendemos que na física toda ação requer uma reação; na contabilidade, para um débito existe um crédito; logo, numa relação de equilíbrio, se é bom para um lado, não necessariamente será bom para o outro.

De um lado a cultura de poupar (juntar) para comprar à vista, de outro o imediatismo da compra a qualquer custo. Qual é melhor?

A poupança torna-se muito útil quando ainda não se dispõe da quantia necessária para uma aquisição maior, por exemplo, para a compra de um veículo. Se a pessoa já possui um carro e deseja trocá-lo por um mais caro, melhor que pagar um financiamento, seria depositar mensalmente um valor que, junto com o montante da venda do atual, seja suficiente para comprá-lo à vista. Por exemplo:

O veículo atual custa 15.000,00. Deseja-se trocá-lo por outro de 30.000,00. O orçamento mensal lhe permite reservar 500,00 para essa finalidade. É melhor poupar ou financiar? Veja as tabelas abaixo!

Se efetuar depósitos mensais no valor de 500,00, ao final de 29 meses terá o montante mais que suficiente para complementar a diferença de 15.000,00, vender o seu outro por 15.000,00 e assim adquirir o novo veículo avaliado em 30.000,00.

Se optar por vender logo o seu veículo por 15.000,00 e financiar os outros 15.000,00, de modo que a parcela mensal seja fixa em 500,00 (limite do seu orçamento), à taxa de juros de 3% ao mês (praticada pelo mercado), serão necessários 78 meses para quitar o montante financiado, sendo que no final do prazo terá pago 38.999,66.

Em ambos os casos o objetivo é complementar os 15.000,00 da diferença para troca do veículo. Nas duas situações se terá um veículo avaliado em 30.000,00. A diferença consiste no fato de que ao optar pelo financiamento, o comprador pagará (em 78 meses) 168,96% a mais do que pagaria (em 29 meses) se efetuasse depósitos em poupança.

Ressalta-se que cada caso deve ser analisado individualmente, pois há veículos novos que oferecem taxas de juros bem mais atrativas, além de outras modalidades de investimento que garantem maior retorno em menor prazo. Deve-se ainda analisar a depreciação de mercado dos veículos. Contudo, para obter êxito em um investimento (seja a compra de veículo ou outros bens), a análise da maneira de investir torna-se crucial e depende de uma postura racional por parte do investidor.

*João Lucas Oliveira Protásio é perito contábil – jl@jlpericias.com e www.jlpericias.com