A história é feita de boas mudanças

advogado marcelo di rezende 5É fato que advogados e a direção da OAB sempre exerceram papel importante na história do país, seja na consolidação de pilares democráticos, seja na luta pela defesa dos interesses da sociedade em geral, fato comprovado em momentos históricos como foi o movimento das “Diretas Já”, no processo de reforma do Judiciário, dentre outros, pois a classe jurídica participa ativamente no processo democrático e nos movimentos de combate as injustiças sociais.

Também é verdadeiro dizer que o Direito sempre possuiu grande influencia nas sociedades, pois a relação entre liberdade e advocacia é notória. Aliás, só existe democracia autêntica quando o advogado pode agir e expressar livre de qualquer retaliação.

Foi por meio dessa luta permanente, pela ética no exercício da política e da transparência no exercício e nas práticas da administração pública, que a OAB fincou suas bandeiras perenes pela busca ao respeito ao cidadão brasileiro, sempre ao lado da proteção da Constituição e, principalmente, frise-se, nunca se curvando a qualquer dos três poderes, situação que infelizmente não ocorre em Goiás.

Contudo, em que pese todo esse valor histórico que detém a OAB em âmbito nacional, sempre respeitada e influente em todos os segmentos de nossa sociedade, tenho que a nossa instituição local, a OAB de Goiás, passa hoje por um momento de total instabilidade política, (saída de seu dirigente maior para assumir um cargo no Executivo), e principalmente financeira, (dívidas de milhões até hoje não efetivamente esclarecidas), de um órgão classista que detém um orçamento anual maior do que muitas prefeituras de nosso Estado.

Pois bem, desde o início deste ano, assistimos à briga entre nossa atual direção e os membros “excluídos”, hoje oposição, repita-se, principalmente no aspecto financeiro, o que tem gerado um clima de incerteza, desamparo até mesmo de receio entre a classe de advogados, vez que as “contas não estão fechando”, como estão funcionando os demais braços da Ordem, em especial, a nossa CASAG – Caixa de Assistência aos Advogados de Goiás, entidade que, dentre outras atribuições, cuida do plano de previdência de milhares de advogados goianos.

Não tenho dúvida de que a proposição de uma mudança visando o resgate da credibilidade, honra e representatividade da Ordem no nosso Estado é muito bem-vinda, afinal, esse mero ‘revezamento’ na presidência da entidade há quase 20 anos por membros de um mesmo grupo, seja dissidente ou não, é por demais deletéria a qualquer instituição, seja ela da categoria profissional que for!

Assim, creio que um movimento sincero e verdadeiro que vise a mudança na OAB de Goiás, vai de encontro, até mesmo, à valorização conquistada por nós advogados com a reforma do Código de Processo Civil, para citar uma, as nossas tão merecidas férias forenses, antes inexistentes, conquista esta obtida pela força nacional de nossa categoria.

A necessária oxigenação na Diretoria Executiva da OAB-GO é o objetivo maior da grande maioria dos advogados, além do resgate de seu valor institucional e suprapartidário, no sentido de se trilhar novos caminhos, pois já dizia o poeta Fernando Pessoa: “Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.”

*Marcelo Di Rezende é advogado, mestre em Direito pela PUC-GO, professor universitário e autor dos livros “A Aplicabilidade das Decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil”, “Academia Goiana de Direito” e “Reflexões Sobre o Direito do Início do Século XXI”. Membro da Academia Goiana de Direito, da Academia Goianiense de Letras e da União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás.