Amor bandido e lua de sangue

advogada lanaAh! O amor…Tantos buscam o amor tão desesperadamente que quando encontram alguém atraente logo acreditam que essa pessoa possa suprir a carência da falta da pessoa amada.

Amor combina com lua cheia, que seduz com sua grandiosidade e beleza os olhos dos enamorados.

Quem pode viver sem o amor? Alguns não conseguem e, preferem morrer a viver com o coração partido. Além de não deixar que o ser amado viva para contar a história.

O querer ouvir palavras doces e ter alguém para fazer companhia na rotina doméstica muitas vezes camuflam personalidades criminosas, violentas e assassinas.

Ultimamente, em Goiás, vem ocorrendo muitos casos de homicídios passionais onde o ser apaixonado mata aquele que foi o causador de seu sofrimento e, em seguida, tira a própria vida, mesmo porque o mundo não terá mais graça sem o outro.

Em Aparecida de Goiânia, neste mês de setembro,  um homem de 52 anos matou a companheira de 47 e tirou a própria vida. Nas paredes da casa em que o casal vivia foram encontradas inscrições com sangue com os dizeres “Por que me traiu?”.

Poucos dias depois, outro caso parecido, um senhor (segundo a mídia local já estava cumprindo pena por ter matado sua ex-esposa) com mais de 60 anos matou uma mulher de 43, a tiros e em seguida cometeu suicídio dentro do Fórum da comarca de Itapuranga. Supostamente, os dois tinham um relacionamento e o crime pode ser passional.

O que parte o coração dos vivos é que a vítima procurou a delegacia em 1º de setembro deste ano para pedir medidas de proteção com urgência, pois já havia recebido ameaças do autor.

Na manhã desta segunda-feira, Antônio teria atirado três vezes contra a mulher e, em seguida, atirado contra a própria cabeça.

O Estado deve entender que os “amantes” também matam e sua atitude não tarda à ameaça proferida. O que poderia ser feito para evitar que mais pessoas morram por não suprir as condições conjugais impostas pelo companheiro?

Os casos reais apontam que apenas imposições de penas privativas de liberdade não são impedimento para alguém que irá sair da cadeia para cumprir seu intento, matar!

A mente criminosa não se transforma em mente sã com as grades de um presídio mudando as atitudes do pretenso homicida, mas tratar a mente do homicida pode sim mudar seu comportamento.

As pessoas estão doentes e precisam de tratamento médico. Síndromes diversas criam personalidades desequilibradas que matam como quem compra pão em uma padaria e há aqueles que ainda acreditam no discurso que só a cadeia basta para coibir este tipo de crime.

O Poder Judiciário necessita do Executivo para receber ajuda médica e tratar estas pessoas que tiram vidas por acreditarem ser movidas pelo amor. Até lá, medidas protetivas serão apenas formas de retardar a morte de vítimas da violência passional que tarda mas não falha!

Muito triste ver o ódio consumindo o coração, as famílias e nossa sociedade. A lua deste fim de semana em Goiás foi de sangue em todos os sentidos.

*Lana Carmo de Araújo é advogada especialista em Direito de Família e professora