Advogada lança Cartilha Demitindo Preconceitos sobre diversidade sexual em empresas

“A diversidade sexual passou a ser um tema debatido na iniciativa privada, porque além de uma questão social, tornou-se econômica também”, afirma a advogada Chyntia Barcellos. Ativista dos direitos humanos, especialmente dos direitos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e interssexuais (LGBTI), lança uma publicação dedicada ao empresariado, a cartilha “Demitindo Preconceitos”, hoje, às 19 horas, no Culturama.

O material é inspirado no Manual de Promoção dos Direitos Humanos de Pessoas LGBT no Mundo do Trabalho, lançado no Brasil, em 2014, pela Organização das Nações Unidas (ONU). A cartilha tem o intuito de desmistificar tabus por meio da compreensão da importância da diversidade − especialmente da diversidade sexual, que está presente em todas as relações de trabalho.

A cartilha será lançada durante palestra. “Ela é um convite à mudança de paradigma social, um chamado para a promoção da igualdade em ambiente de trabalho, independentemente de orientação sexual e identidade de gênero. “Tratar do assunto com naturalidade, não se omitir, compartilhar boas práticas, isso é comprometimento. As mudanças podem acontecer por meio de simples ações, rumo a grandes conquistas”, reflete a advogada.

Visibilidade

Cynthia Barcelos é autora da cartilha

Questões relacionadas à diversidade sexual vêm ganhando maior visibilidade na sociedade, após o reconhecimento, pelo STF, da união homoafetiva como entidade familiar e união estável, em maio de 2011. Dois anos depois, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a Resolução 175, que determina que todos os cartórios habilitem ou celebrem casamento civil e conversão da união estável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo.

De acordo com o IBGE, em relação a 2013, os casamentos entre cônjuges do mesmo sexo aumentaram 51,7% no Brasil. Em 2015, foram 1.131.707 casamentos entre pessoas de sexos opostos e 5.614 entre pessoas do mesmo sexo. Em Goiás, foram 130, sendo 72 casamentos civis entre gays e 58 entre lésbicas.

A pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2015 (IBGE) confirma que o crescimento percentual de casamentos entre lésbicas e gays foi quase cinco vezes maior do que as uniões heterossexuais. Entre cônjuges de sexos diferentes, o aumento é de 2,7%, enquanto as uniões entre cônjuges do mesmo sexo subiram em 15,7%, representando 0,5% do total de casamentos registrados.

Para Chyntia Barcellos, estes avanços na conquista de direitos sociais e civis são contrastantes com estatísticas alarmantes de violências causadas pela homofobia e transfobia (lgbtfobia). Em ambiente de trabalho, ofensas de baixo calão − com intuito de ridicularizar, de desprezar e de demonstrar superioridade −, têm originado, cada vez mais, ações judiciais com pedidos de reparações.

“Um sintoma de que as empresas e instituições não estão capacitadas para lidar com as questões e os direitos LGBTI”, afirma a advogada. Segundo ela, mais do que dinheiro essas empresas perdem reputação, um bem relevante na era da informação, do consumo consciente, da responsabilidade social empresarial.