Acusado de jogar ácido em ex-amante em Catalão é denunciado por feminicídio

O  promotor de Justiça Fernando Gomes Rosa ofereceu denúncia contra William Evaristo Arruda por feminicídio praticado contra Noelma de Jesus Rocha,  no dia 24 de maio, em Catalão. A vítima acabou morrendo no último sábado (11/6).

De acordo com o apurado, o denunciado, apesar de conviver em união estável com Simone Maria Gomes, mantinha relacionamento amoroso há 1 ano e 6 meses com Noelma. Durante esse período, William habitualmente agredia a vítima fisicamente, a qual, porém, não comunicou os fatos à polícia. Outras questões do relacionamento também geravam discussões com o denunciado.

Noelma desejava pôr fim ao relacionamento, mas William sempre a procurava. Assim, no dia 24 de junho, a vítima comunicou sua intenção ao denunciado, que fingiu concordar com o término, com a condição de que precisa revê-la naquele dia para lhe entregar determinada quantia. Eles, então, marcaram um encontro para aquela noite.
Naquele dia, Noelma trabalhou normalmente fazendo faxinas em residências, onde ela teria comentado sobre o término do romance. Dentro do combinado, no fim da tarde ela encontrou-se com William na casa de Vilberto Pimenta Carneiro, onde normalmente ocorriam os encontros.

Após o dono da casa deixar o local, o denunciado convenceu Noelma a manter relação sexual com ele, retirando suas roupas. Ele, então, passou a agredi-la com socos, bem como apertando-lhe o pescoço. Depois, amarrou os pés e mãos da vítima com fios, de forma a impossibilitar a resistência.

Em seguida, William, com uma cola instantânea, colou os lábios, olhos e vagina de Noelma. Logo depois, pegou uma tesoura e violentamente cortou os cabelos da ofendida. Não satisfeito, o denunciado preparou um ácido em uma panela, possivelmente soda cáustica, e jogou na face e corpo da mulher, produzindo graves queimaduras.
Satisfeito com a vingança, William deixou o local tranquilamente, deixando a vítima agonizando. Vizinhos, então, ouviram a mulher pedir socorro, de modo abafado, e entraram na casa, encontrando-a nua, com as mãos amarradas e extremamente ferida. Ao ser socorrida, ela teria dito a uma testemunha “William me matou! William acabou comigo! William acabou com a minha vida!”.

A mulher foi encaminhada à Santa Casa de Catalão, de onde seguiu para o Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol). Segundo consta, ela apresentava lesões de face com comprometimento ocular, evidências de colabamento ocular e vaginal por cola, queimadura química em face, pescoço, nádegas, tórax e coxa esquerda, sinais de estrangulamento, sinal de lesões nos mamilos e sinais de contenção física. Nestas condições, Noelma faleceu no dia 11 de junho.

Para o promotor, os motivos do crime consistem em vingança em decorrência da vítima ter colocado fim ao relacionamento entre ambos, bem como a condição do sexo feminino, em explícita situação de violência familiar (feminicídio). Além disso, foi motivado em menosprezo à condição de mulher, “entendendo-a como objeto descartável”.

Ressalta ainda o meio cruel empregado pelo denunciado, consistente em tortura pela utilização de ácido, bem como cola nos olhos, boca e vagina, causando intenso sofrimento à vítima. Para Fernando Gomes, o denunciado utilizou ainda de recurso que impossibilitou defesa de Noelma, traindo a confiança desta, tendo amarrado as mãos e pés da mulher e colado os lábios para impedir que pedisse socorro.

Assim, denunciou William Evaristo nas sanções do artigo 121,§2º, incisos I, III, IV e VI (feminicídio), do Código Penal, pelo qual requer o julgamento pelo Tribunal do Júri e condenação do denunciado. Fonte: MP-GO