TJGO passa a adotar linguagem inclusiva de gênero em textos e comunicados

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) passará a adotar em todos os órgãos, departamentos e unidades linguagem inclusiva de gênero em textos e comunicados. A novidade foi sugerida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“A iniciativa, notadamente, visa às ações de incentivo à igualdade de gênero no ambiente institucional. É importante que um órgão público esteja atento às transformações sociais e busque, sempre, o respeito aos direitos humanos”, destacou o chefe do Poder Judiciário goiano, desembargador Carlos França.

A ideia da linguagem inclusiva de gênero é desconstruir o masculino como universal e, assim, questionar o uso dos termos masculino e feminino na expressão oral e escrita, que contribui para reforçar as relações assimétricas entre os sexos.

Especialistas em língua portuguesa defendem que a linguagem diz muito mais do a aparente superfície das palavras: adjetivos e substantivos podem construir relações, criar consciência, moldar estruturas ideológicas e o imaginário popular, reforçando ou combatendo estereótipos.

Segundo a doutoranda em Letras Maria Clara Dunck, fundadora do Leia Mulheres Goiânia, clube do livro que discute obras exclusivamente escritas por mulheres, refletir sobre a linguagem é necessário para acompanhar as transformações. “A língua é viva. Se antes não fazíamos questão de incluir o feminino nos plurais é porque não incluímos as mulheres em muitos espaços também. Quando essa estrutura começa a mudar, as/os falantes também sentem a necessidade dessa adaptação. Mesmo que tentemos barrar essa mudança na língua, naturalmente ela vai acontecer. A questão é, vamos lutar contra isso ou colaborar para a inclusão?”.