Agronegócio e o Dia Mundial da Água

Na última terça-feira (22/03), foi comemorado o Dial Mundial da Água, data solene que foi sugerida na Conferência das Nações Unidades sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992. Passados 30 anos desde a sua instauração, vários avanços ocorreram na gestão da água pelo mundo, em especial, no Brasil, que possui uma das maiores reservas de água potável do planeta.

Em 2021, vivenciamos uma crise hídrica de grandes proporções, que impactou, principalmente, setores altamente dependentes do regime de chuvas, como o setor energético. Essa crise impactou não só este setor, mas também teve alcance até mesmo em outras áreas que fazem uso habitual desses recursos, como o agronegócio, em especial, a agricultura irrigada.

Dentre os vários setores que fazem uso direto de recursos hídricos no Brasil, o agronegócio é, sem dúvida, um dos que mais sofrem com críticas, que – muitas vezes – não condizem com a realidade fática do setor.

Como já exposto anteriormente[1], é preciso registrar que a agricultura irrigada não é o vilão pela crise hídrica vivenciada no ano anterior, nem mesmo pode ser responsabilizada pela falha estrutural da matriz energética do país. O consumo de água potável pela agricultura é mínimo se comparado aos outros setores.

Por outro lado, os avanços tecnológicos e novos sistemas de produção proporcionaram um crescimento considerável da agricultura irrigada em Goiás, resultando em um acréscimo de 477% em áreas, saltando de 116 mil para 670 mil hectares irrigados. Considerado o quarto Estado que mais irriga no país, a expectativa é que ainda cresça cerca de 400 mil novos hectares de agricultura irrigada até 2040.

Sem dúvida, o caminho para esse crescimento sustentável do uso da água passa uma gestão eficiente dos recursos hídricos. Em Goiás, tivemos vários avanços com novos modelos de gestão hídrica, como o recém aprovado Marco Regulatório da Bacia do São Marcos, que representa verdadeiro divisor de águas para um novo tipo de gestão hídrica da agricultura irrigada em Goiás.

O Novo Marco Regulatório é fruto de uma ação conjunta do poder público e de representantes da sociedade civil organizada, que, juntos, e após vários anos de intensos debates, enfim puderam entregar um documento que atendesse o interesse de todos os envolvidos no conflito pelo uso da água.

Por parte dos produtores rurais, com esses novos modelos de gestão sendo implementados no Estado, espera-se um amadurecimento na gestão e eficiência hídrica dentro de suas propriedades. Somente com um compromisso sólido e pautado no uso sustentável desse recurso podemos alavancar ainda mais a agricultura irrigada em Goiás.

 [1] https://www.rotajuridica.com.br/rotas-agronegocio/os-impactos-da-crise-hidrica-na-agricultura-irrigada/