Mapa da Violência expõe falta de investimento na polícia, diz Sinpol

O estudo Mapa da Violência 2015: mortes matadas por arma de fogo, da ONU, revela um cenário grave para Goiás. O estado saiu da 11ª colocação para a 6ª no ranking nacional da violência no comparativo entre 2002 e 2012. Para o Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO), os dados expõem a sistemática redução nos investimentos nas forças de segurança no Estado.

Em 2012, ocorreram 31,7 mortes por arma de fogo para cada 100 mil habitantes em Goiás. Em Goiânia, esse índice é ainda mais preocupante: 43. A capital goiana saiu da 13ª colocação em 2002 e chegou à 9ª em 2012.

Segundo o presidente do Sinpol, Paulo Sérgio Araújo, o estudo traduz em números o que o policial vive em sua rotina de trabalho. “Nosso efetivo na Polícia Civil é de cerca de 3.200 policiais para uma população de 6,5 milhões de habitantes, ao passo que em 1998 era de 6 mil, quando aqui viviam de 4,7 milhões de pessoas. Precisaríamos de cerca de 10 mil policiais para atender à crescente demanda gerada pela escalada da violência, além de melhor estrutura de trabalho”, avalia.

Entre 1998 e 2015, a população aumentou quase 40%, enquanto o efetivo policial é cerca de 45% menor. “O policial civil tem em Goiás uma das piores carreiras do País: além dos baixos salários, convive com excesso de horas extras, submete-se ao chamado plantão de sobreaviso (quando não trabalha, mas tem de ficar em casa à disposição) sem a devida remuneração e enfrenta um plano de carreira há muito tempo desatualizado. Infelizmente, quem paga pela precarização da polícia é o cidadão, que perde três vezes: quando paga impostos elevados, quando tem de bancar a segurança privada e quando é vítima da violência que a ONU agora revela”, diz Araújo.

O Sinpol ajuizou Ação Civil Pública contra o desvio de função de agentes da Polícia Civil, que, por conta da superlotação nos presídios, acabam tendo de fazer guarda e transporte de presos em delegacias. Por conta da falta de estrutura e de pessoal, existem hoje em Goiás 23.500 mandados de prisão em aberto.