Em carta, filho revela motivação para matar o pai advogado

A Polícia Civil teve acesso a uma carta escrita pelo jovem Idis Júnior Souza de Queiroz, de 21 anos, minutos antes de ele matar o pai, o advogado Idis Paulo de Queiroz, de 70 anos, em Jataí, região sudoeste de Goiás. Em duas folhas de papel, o rapaz, que deu um tiro na cabeça do idoso enquanto ele dormia, relata problemas de relacionamento com o pai desde pequeno, o chama de “controlador” e tenta justificar o crime citando sua filha, de 8 meses. As informações são do Portal G1.

“Então eu o matei com o seu revólver que achei guardado em seu guarda-roupa. O que levou a fazer isso foi o seguinte pensamento: ele me traumatizou a vida inteira e seu eu não fizer isso, vou ser interno, não vou ver minha filha tão cedo e ela será traumatizada assim como eu fui”, diz a parte final da carta.

Idis Paulo foi baleado na noite quarta-feira (25). Ele foi socorrido em estado gravíssimo no Hospital Municipal de Jataí e depois transferido para uma unidade de saúde em Goiânia. Porém, ele não resistiu aos ferimentos e morreu nesta quinta-feira (26).

Na carta, o jovem afirma que o pai é um “homem desequilibrado” e que “controla a tudo e a todos com o seu dinheiro”. Ele revela um episódio relacionado ao seu peso, o que teria sido o primeiro problema entre eles.

“Tudo começou quando eu tinha 10 anos de idade. Quando todo dia era dia de pesar. Se engordasse, apanhava e era obrigado a escrever no caderno cerca de 1000 linhas ‘não devo engordar’”.

Namoro e drogas
Idis Júnior afirma ainda que o pai contratou um segurança para vigiá-lo quando arrumou a primeira namorada, aos 16 anos. Ele afirma que a situação acabou provocando o fim do relacionamento. Neste mesmo dia, segundo o relato, o jovem foi mandado para uma fazenda e trancado em uma cela, recebendo comida e água por uma grade.

O suspeito alega que “para tentar se aliviar de tanto sofrimento”, começou a usar maconha. No entanto, diz que a situação piorou, pois começou a ser internado em clínicas de reabilitação, onde diz não ter recebido o tratamento adequado.

O rapaz diz que foi preso duas vezes, no passado, por roubo, mas nega ter cometido o segundo crime. Em ambas as situações, o próprio pai foi quem entrou com recurso na Justiça e conseguiu a soltura. Destaca ainda que não usa droga há dois anos, mas que seu pai seguia insistindo com a intenção de interná-lo.

Investigação
Segundo o delegado Elexandro Rossignolo, responsável pelo caso, em depoimento, Idis Júnior confessou o crime e salientou que todas as razões para cometê-lo estavam descritas na carta.

“A autoria está definida. Mas vamos ouvir familiares para saber se essas eram mesmas as circunstâncias do crime. A mulher do autor já nos disse que a relação entre os dois era bastante conturbada”.

O jovem está detido no Presídio de Jataí e deve ser indiciado por homicídio. Se condenado, pode pegar uma pena de 12 a 30 anos.