Defesa de Nei Castelli sustenta inocência de fazendeiro da acusação de mandar matar advogados

Os advogados Rafael Salvatti e Renato Armiliato Dias, responsáveis pela defesa de Neil Castelli, acusado de ser o mandante do assassinato dos advogados Marcus Aprígio Chaves, filho do desembargador Leobino Valente Chaves, e Frank Alessandro, afirmam que não existe um único elemento de prova que o aponte como responsável pelo caso. Na semana passada, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas, da 1ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, mandou o fazendeiro e outras três pessoas a júri popular pelo duplo homicídio, ocorrido no dia 28 de outubro do ano passado, dentro do próprio escritório de advocacia das vítimas, no Setor Aeroporto, em Goiânia.

Além de sustentar a inocência do cliente, os advogados apontam que as principais provas que poderiam ser utilizadas a favor de Nei Castelli não foram, sequer, apreciadas pelo magistrado que proferiu a decisão de pronúncia. “Desde o início das investigações policiais, o caso é marcado por tortura, coação, falta de investigação e predileção por incriminar Nei Castelli, embora não haja uma única prova de seu envolvimento no trágico assassinato dos advogados”, afirma o causídicos.

Os advogados apontam ainda ser de extrema gravidade o fato de que um dos acusados ter admitido em juízo que sofreu coação e tortura por parte da polícia de Goiás que conduziu o caso para apontar Nei Castelli como mandante do crime. “A tese de que alguém desde o início já queria acusar Nei Castelli em detrimento de outros possíveis acusados, foi provado pela defesa em diversos trechos das suas alegações finais, mas desconsiderado por completo pelo magistrado”, frisam os defensores.

A denúncia

Além de Nei Castelli, Pedro Henrique Martins Soares, Hélica Ribeiro Gomes e Cosme Lompa Tavares foram denunciados por envolvimento no caso. De acordo com a peça acusatória, o fazendeiro teria ordenado o assassinato depois de perder uma ação que o obrigava a pagar às vítimas, a título de honorários sucumbenciais, o valor de R$ 4,6 milhões. Inconformado, ele entrou em contato com Lompa na tentativa de encontrar alguém para o homicídio. Lompa, então, teria escolhido Pedro Henrique, conhecido pela prática de diversos crimes no Tocantins, e teria acertado com ele a execução.

Além disso, prestou-lhe apoio antes e após o cometimento dos assassinatos, transportando os executores e garantindo que se hospedassem em Goiânia, uma vez que eles são do Estado do Tocantins. Namorada de Pedro Henrique, Hélida teria negociado a recompensa pelo crime e, mais tarde, Pedro Henrique teria acertado com Jaberson Gomes (já falecido), para lhe ajudar no assassinato. Castelli teria oferecido R$ 100 mil aos dois, caso saíssem impunes, e R$ 500 mil, se fossem presos em decorrência da empreitada.