Defensoria registra em três dias seis casos de falta de vagas em UTIs na capital

A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) registrou seis denúncias de falta de vagas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) em Goiânia nos últimos dias. Três casos já foram solucionados, dos quais dois foram por meio de liminares e um de forma extrajudicial. Nos outros três casos, os familiares de pacientes que se encontram internados em unidades de saúde de Goiânia estão providenciando a documentação para que as medidas sejam tomadas o mais breve possível.

A defensora Pública Michelle Bitta Alencar de Sousa, da Defensoria Pública Especializada de Atendimento Inicial em Saúde da Capital, afirma que existem vagas no sistema e que a prefeitura precisa identificar e resolver o problema. “Acho que isso é um ponto nodal, cabe ao gestor do município verificar se a vaga existe ou se o prestador conveniado está se recusando a receber os pacientes. Uma vez identificado o problema, saná-lo. É que essas pessoas têm direito a esse tratamento e devem ser transferidas num prazo razoável”, enfatizou Bitta. A defensora pública alerta ainda que os familiares de pacientes que passam por este problema devem procurar a defensoria para que medidas judiciais ou não a transferência dessas pessoas.

Entre os casos atendidos pela Defensoria Pública Especializada de Atendimento Inicial em Saúde da Capital está a transferência para UTI da dona de casa Irene da Silva Lopes, 79 anos. Na última segunda-feira (11) ela começou a passar mal e em atendimento no Cais Amendoeiras descobriu que necessitava de implantar um marca-passo. A neta dela, Raquel Lopes de Arruda, 21 anos, relembra que a avó estava em estado grave e ocupava a sala de reanimação daquela unidade de saúde.

“Fomos informados que ela necessitava da cirurgia o mais rápido possível e corria risco de morte. Na quarta-feira (13) ainda aguardávamos a vaga. Estávamos muito aflitos porque sabíamos que o caso dela era muito grave, foi aí que o médico nos orientou a procurar a Defensoria Pública”, comenta. A filha de Irene buscou atendimento na Defensoria Pública do Estado (DPE-GO) na quarta-feira. No mesmo dia a DPE-GO conseguiu que ela fosse transferida para um leito de UTI na Santa Casa de Misericórdia. Ela foi operada na quinta-feira (14/12) e continua internada para recuperação.

A família da aposentada Maria Sueli de Sousa Araújo, 62 anos, também conseguiu que ela fosse internada em UTI por meio de medida extrajudicial da DPE-GO. Diabética, Maria Sueli machucou seu pé direito e enquanto visitava sua filha em Redenção (PA) teve que submeter-se a uma cirurgia para amputação do membro. Após ser operada, descobriram que a cirurgia deveria ser refeita. Com isso, a filha achou melhor trazê-la para Goiânia para o procedimento. Eles tentaram arcar com as despesas dos exames e operação, mas perceberam que não teriam condições.

Mesmo correndo risco de morte e necessitando de internação em UTI, Maria Sueli somente conseguiu atendimento no Cais Cândida de Morais. Na primeira noite ficou “internada” no corredor, na segunda na sala dos médicos, depois na sala onde eram realizados curativos. Eram os familiares que levavam os lençóis, remédios e até mesmo o material para curativos. Na última quarta-feira, quando se completaram sete dias aguardando a liberação de leito em algum hospital, seus parentes foram informados que o caso era gravíssimo e que deveriam procurar ajuda. “Ficamos desesperados”, relembra a filha de Maria Sueli, Arlene Araújo Barbosa, 38 anos. Fonte: Dicom/DPE-GO