Conselheiro da OAB especialista em linguística adverte que a linguagem da polícia deve mudar urgentemente

O episódio de violência policial contra um advogado, agredido em Goiânia mesmo após estar algemado e imobilizado, tem gerado debates e reflexões na classe e na própria sociedade.

O governador Ronaldo Caiado (DEM) afirmou, em entrevista, que houve “nítido excesso”. Para o linguista, advogado e conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), Carlos André Pereira Nunes, a mudança na linguagem policial deve ocorrer urgentemente.

“A linguagem policial deve mudar imediatamente. Agredir um advogado é agredir a cidadania”, afirma.

Em relação a essa mudança de linguagem, Carlos André sugere treinamentos da força policial, não somente do modo de agir, mas também quanto ao processo de comunicação.

“Quando nós falamos em linguagem, nós falamos que toda e qualquer linguagem, seja ela verbal, a palavra, seja a linguagem não-verbal, desde as vestimentas até a perspectiva da violência, isso tudo está ligado à lógica do discurso.”

“É bom lembrar que a palavra “polícia” vem de polis (cidade), é aquele que protege a cidade, que tem a função de proteção. Mas o que temos percebido é que a polícia assusta as pessoas, a linguagem policial é uma linguagem completamente equivocada e ela traduz um discurso de absoluta violência”, arremata.

O professor e linguista já redigiu, inclusive, em fevereiro deste ano, parecer a pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) com base em análise feita por ele sobre a linguagem policial.

“A linguagem policial é uma linguagem que não traduz a importância que a polícia tem para o Estado brasileiro”, conclui Carlos André.