Tartaruga em cima do poste

O primeiro domingo de outubro se aproxima e, com ele, a esperança – ou desesperança – de dias melhores.

Passada a eleição, volta-se o foco para o que deveria estar em spot quando do comparecimento do eleitor nas urnas: os problemas ligadas à saúde, educação, (in)segurança pública, infraestrutura e economia, como também a lembrança – no caso de candidatos que disputam a reeleição – das diversas promessas de campanhas não cumpridas e requentadas quando da nova disputa.

Então retornar-se-á a ladainha: “políticos são corruptos”, “eles só pensam nele”, “o Brasil não tem jeito”… Invariavelmente escândalos se sucederão de forma tão previsíveis quanto repetidos episódio de Chaves.

O eleitor despe-se da responsabilidade e assume apenas a posição crítico passivo, como se não fosse ele o outorgador da procuração aos políticos – voto – e não fosse dele a responsabilidade.

Isso me faz recordar a história daquele que caminhando por uma estrada vê em um poste, lá no alto, uma tartaruga tentando se equilibrar… Você não entende como ela está lá, não acredita que ela esteja lá, sabe que ela não subiu sozinha, que não deveria nem poderia estar lá e que ela não fará absolutamente nada enquanto lá estiver.

Sabe-se, simplesmente, que ela foi colocada naquela posição e que a única coisa que se deve fazer é retira-la de lá e cuidar para que nunca mais suba onde nunca deveria ter estado.

Em menos de cinco dias poderemos tirar tartarugas de cima do poste e providenciar para que outras não sejam colocadas em seu lugar.

É momento de refletir e agir com responsabilidade.

*Carlos Vinícius Alves Ribeiro, Mestre e Doutorando em Direito de Estado pela USP, Professor de Direito Administrativo e Urbanístico na UFG, membro do Centro de Estudos de Direito Administrativo, Ambiental e Urbanístico da USP, Promotor de Justiça.