Polícia fecha clínica onde internos eram torturados e mantidos em condição análoga à escravidão

A Operação Monte Cristo, deflagrada na madrugada desta quinta-feira (29/5) pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), resultou no fechamento de uma clínica de reabilitação de dependentes químicos em Cachoeira Dourada onde foram constatados indícios de prática de tortura, sequestro e maus-tratos. A clínica Associação Portal da Vida funcionava em uma pequena chácara no Setor Sudeste e abrigava 55 internos.

O proprietário Pedro Ceschim de Morais, de 31 anos, e o gerente, Daniel da Costa Garcia, de 40, foram presos durante a operação. Além dos crimes citados, eles respondem por aplicação de remédios controlados sem receita médica, receptação, tráfico de drogas e redução de internos a condição análoga a de escravo.

As apurações sobre o caso começaram há mais de um ano, quando chegaram denúncias à Polícia Civil e ao MPGO. Com a comprovação de que os atos ilícitos eram de fato cometidos na clínica, o órgão ministerial requereu ao Poder Judiciário ordem de interdição das atividades da clínica, bem como busca e apreensão para o local e para as residências dos envolvidos, no próprio município e em Itumbiara.

Participaram da operação 35 agentes e sete delegados do 2º Distrito Policial de Itumbiara, Genarc, Gepatri, 6ª DRP de Itumbiara, Deam e delegacias de Goiatuba e de Bom Jesus, coordenados pelo delegado Lucas Finholdt, titular do 2º DP de Itumbiara.

Durante as averiguações, foram encontradas pessoas trancafiadas em um quarto com grades e cadeados. Entre eles havia três menores de idade e deficientes mentais.

Foram encontradas grandes quantidades de cigarros contrabandeados do Paraguai, que eram armazenados no depósito da clínica e vendidos aos internos a preços exorbitantes, inclusive aos menores. Os policiais também localizaram medicamentos sem qualquer tipo de receituário, sendo que alguns deles constam nas listas da Anvisa como causadores de dependência física e psíquica.

Um cassetete foi apreendido que, segundo os internos, era utilizado em sessões de espancamento naqueles que fizessem questionamentos. Segundo relatos, os homens mantidos na clínica eram constantemente dopados e agredidos em um cômodo chamado por eles de “quarto da tortura”.

Os dois investigados foram encaminhados ao Presídio Regional de Sarandi em Itumbiara.