MPT-GO oferece oportunidade de formação profissional para transexuais e travestis

Estão abertas as inscrições para a primeira edição do projeto “Empregabilidade Trans – Cozinha e Voz”, em Goiânia. Serão oferecidas gratuitamente quarenta vagas para um curso de capacitação profissional para atuar como auxiliar de cozinha voltado para o público travesti e transexual (homens e mulheres). As inscrições podem ser feitas aqui ou presencialmente nas sedes da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado de Goiás (Astral-GO) até 30 de agosto.

A iniciativa é fruto de parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) para promover formação profissional e inserção no mercado de trabalho de pessoas travestis e transexuais. No Estado de Goiás, o “Empregabilidade Trans – Cozinha e Voz” tem como apoiadores a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Goiás (Abrasel-GO), Antra, Astral-GO, Coletivo Rexistência, Coletivo TransAção, Fórum Nacional de Travestis Negras e Negros (Fonatrans), Fórum de Transexuais de Goiás e o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).

A Faculdade Cambury, onde serão promovidos os encontros, disponibilizará espaço físico e professores para a realização do curso de capacitação em auxiliar de cozinha. Além das aulas de gastronomia, será realizada uma oficina de poesia, para desenvolver a comunicação interpessoal e a autoconfiança dessa parcela da população.

O procurador-chefe do MPT-GO, Tiago Ranieri, explica que o projeto faz parte de estratégia para promover oportunidades de maneira que todas as pessoas possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de igualdade, segurança e dignidade.

“A ideia, além da capacitação, é promover a inserção formal da população transexual e travesti no mercado de trabalho via contratação direta em restaurantes, bares e hotéis em Goiânia”, completa. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Goiás (Abrasel-GO) atuará como facilitadora nesse processo de direcionamento das ofertas de emprego.

Projeto “Empregabilidade Trans – Cozinha e Voz”

O projeto nasceu no MPT em São Paulo, onde já foram realizadas duas edições. Na capital paulista, o programa do curso de assistente de cozinha foi elaborado pela chef de cozinha e empresária Paola Carosella, juntamente com o Grupo Educacional Hotec. A primeira versão foi capaz de incluir 70% dos alunos no mercado de trabalho.

Além de São Paulo, outras cidades contarão com projetos similares. No Rio de Janeiro e no Pará, as unidades do MPT já se organizam, para, agora, no segundo semestre deste ano, ofertar cursos nos mesmos moldes também voltados para mulheres e homens transexuais e travestis. Já na Bahia será ministrada a mesma capacitação para outro público: jovens negras e negros na comunidade Calabar, em Salvador.

Pessoas trans e o mercado de trabalho

A empregabilidade da população trans é uma das prioridades do MPT, que promove esforços por meio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Combate à Discriminação no Trabalho (Coordigualdade). Devido ao preconceito e à baixa escolaridade, grande parte dessas pessoas não consegue uma oportunidade no mercado de trabalho.

Mesmo as graduadas e aptas a exercerem uma profissão de alto desempenho, por vezes, são recusadas por sua identidade de gênero, o que acaba por as levar para a prostituição. Segundo estimativas da ANTRA, 90% das travestis e transexuais brasileiras se prostituem. Um dos principais motivos é a expulsão de casa cedo, com 12 ou 13 anos de idade, momento em que geralmente começam a revelar sua identidade de gênero. (MPT-GO)