Morte de mulheres em Goiânia: Delegado descarta serial killer

Quase dois meses após a criação da força-tarefa pelo governo de Goiás para apurar a série de mortes de mulheres em Goiânia, uma certeza já se tem: “os crimes foram praticados por vários autores”. A informação é do titular da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), delegado Murilo Polati (foto). As informações são do Jornal O Hoje.

Embora as investigações continuem, o delegado afirmou que até o momento já foram ouvidas 140 testemunhas. Mas os dados obtidos ainda não apontam os autores dos crimes. “Não sabemos quem são eles e por que praticaram os crimes, por isso não temos ainda como apontar os executores; chegar aos criminosos vai demandar mais tempo”, emenda. A força-tarefa investiga também uma tentativa de homicídio e o assassinato de um homem que teria envolvimento com pelo menos uma da série de mortes.

Suspeito descartado

Ontem, um novo suspeito de envolvimento na série de mortes foi apresentado, mas logo descartado pela Polícia Civil. Thiago de Jesus Sousa, de 28 anos, preso na quinta-feira pelo roubo a uma mulher na tarde de terça-feira (30), próximo à Rua 15 do Setor Marista.

Imagens de câmeras de segurança registram a ação praticada por Thiago, que usava uma moto preta e um capacete preto, conforme descrição do suposto serial killer que estaria atuando em Goiânia. Isso bastou para alertar a polícia.

Durante o assalto à mulher, que durou pouco menos de 10 segundos, o bandido não conseguiu levar o celular da vítima e ainda deixou cair o seu. Quando percebeu, voltou ao local, mas não o encontrou.

A vítima havia pegado e entregou o aparelho à polícia. “Os arquivos no aparelho foram muito importantes para a identificação do autor do crime”, afirmou Murilo Polati.

O conteúdo presente no celular possibilitou identificar o autor, que foi preso de malas prontas para viajar com a mulher e o filho para o Tocantins. À polícia ele disse que deixava a capital por que imagens da tentativa de assalto que praticou no Setor Marista, feitas por câmeras do circuito externo de estabelecimentos, foram reproduzidas por uma emissora de TV.

Thiago está preso na carceragem da Delegacia de Homicídios por recepção dolosa e tentativa de assalto, porém a polícia já descartou qualquer envolvimento do homem na série de mortes de mulheres. Ele já tem cinco passagem por roubos, todas contra mulheres.

Repercussão

A série de mortes de mulheres na capital ganhou repercussão nacional, principalmente depois da suspeita de que os assassinatos estariam sendo cometidos por um serial killer. Uma mensagem de áudio anônima que circulou pelas redes sociais entre maio e junho deste ano dava conta que o número de mortes de mulheres jovens ultrapassaria 25.

Porém, a série de homicídios investigados pela força-tarefa começou em 19 de janeiro, quando foi assassinada Beatriz Cristina Oliveira Moura, 23 anos. A jovem foi alvejada com um tiro no peito, na manhã de um domingo quando estava indo comprar pão, no Setor Nova Suiça.

O último assassinato ocorreu no dia 2 de agosto, quando a estudante Ana Lídia de Sousa Gomes, de 14 anos, foi morta em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova.

A suspeita da atuação de um serial killer foi levantada devido a grande semelhança entre as mortes: um homem em uma moto preta e usando capacete da mesma cor sempre se aproximava e atirava contra as mulheres sem dizer nada e sem levar nenhum objeto.

Após a morte da última vítima, o governo do Estado criou uma força-tarefa formada por nove delegados, 15 agentes e oito escrivães, mas até o momento nenhum dos casos investigados foi elucidado.

A polícia chegou a prender preventivamente dois suspeitos, um deles foi liberado por falta de provas no envolvimento nas mortes. Outro segue preso por outros crimes, mas até o momento a polícia não comprovou nenhuma ligação do suspeito com qualquer morte.