O juiz federal Alderico Rocha Santos decidiu, durante audiência de custódia realizada na tarde desta sexta-feira (28), adiar a decisão sobre revogar ou a prisão temporária dos cinco detidos na operação da Polícia Federal que apreendeu mais de R$ 1 milhão em endereços ligados a Marconi Perillo, ex-governador de Goiás e candidato ao Senado. O magistrado justificou a decisão alegando que vai esperar o parecer da delegada responsável sobre o caso.
“Vou mandar oficiar a delegada para que manifeste sobre a necessidade ou não da manutenção da prisão”, disse o juiz durante a sessão. Como os mandados são de prisão temporária, caso não haja decisão sobre o caso, os presos serão liberados na terça-feira (2).
Foram presos na manhã desta sexta-feira, durante operação deflagrada pela Polícia Federal o ex-presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop) Jayme Eduardo Rincon, atual coordenador da campanha do governador José Eliton à reeleição, o filho dele, Rodrigo Godoi Rincon, o policial militar Márcio Garcia de Moura, o ex-policial militar e advogado Pablo Rogério de Oliveira e o empresário Carlos Alberto Pacheco Júnior. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em propriedades ligadas ao ex-governador e atual candidato ao Senado Marconi Perillo.
Chamada de Cash Delivery, durante a operação da PF foram cumpridos mandados nas cidades de Aparecida de Goiânia, Pirenópolis e Aruanã, em Goiás, e em Campinas e São Paulo. As investigações apuram repasses indevidos para agentes públicos em Goiás. A cifra investigada é de mais de R$ 12 milhões.
A operação foi baseada na delação de executivos da Odebrecht. Estão sendo investigados empresários, agentes públicos e doleiros pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Dinheiro vivo
A Polícia Federal encontrou quase R$ 1 milhão em dinheiro vivo na casa do policial militar e motorista de Jayme Rincon, Márcio Garcia de Moura, preso na manhã de hoje. Na casa do policial, os agentes encontraram caixas de papelão que guardavam o dinheiro em notas de 50 e 100 reais. De acordo com a PF, a quantia exata é de R$ 940.260,00.
Defesa de Marconi
Por meio de nota, o advogado de defesa de Marconi Perillo, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, repudia a ação deflagrada hoje em Goiás. O candidato ao Senado, apesar da operação da PF, continuou sua agenda de compromissos no interior nesta sexta-feira.
Kakay afirma que o ex-governador foi citado na delação da Odebrecht por fatos ocorridos em 2010 e 2014. É evidente que os fatos devem ser apurados e a Defesa não tem nenhuma preocupação com a investigação.
Veja a nota na íntegra:
A Defesa do ex-governador Marconi Perillo vem a público explicitar o mais veemente repúdio à ação deflagrada hoje em Goiás.
O ex-governador foi citado na delação da Odebrecht por fatos ocorridos em 2010 e 2014. É evidente que os fatos devem ser apurados e a Defesa não tem nenhuma preocupação com a investigação.
A palavra do delator é isolada e não há, sequer en passant, qualquer fiapo de indício contra o Marconi Perillo. A busca e apreensão na residência do ex-governador, a 9 dias da eleição, assume um caráter claramente eleitoreiro e demonstra um abuso por parte do Ministério Público e do Poder Judiciário.
É, sem dúvida, uma clara interferência, indevida e perigosa, contra a a estabilidade democrática. Os fatos citados pelo delator, sem provas, se referem a questões antigas. A falta de contemporaneidade, já decidiu varias vezes o Supremo Tribunal,é impeditivo de prisões e qualquer outra medida constritiva contra qualquer cidadão.
Importante esclarecer que NÃO é verdade que o ex-governador teve mandado de prisão decretado, mas teve busca e apreensão e esta medida, neste momento, já é uma grave agressão. Uma violência inexplicável ao estado democrático de direito.
A Defesa vem denunciando, há tempos, à espetaculização do direito penal e a criminalização da política.
