Imigração de brasileiros para os EUA cresceu 74% nos últimos 3 anos

Paula Gamba e Fábio Pericelli, casados, abandonaram o emprego, pegaram o dinheiro guardado e resolveram empreender. Mas não no Brasil. Com nível superior e carreiras estabelecidas, eles engrossam uma estatística que só cresce: a de brasileiros que recebem visto de imigração nos EUA – muitas vezes em troca investimento para abrir um negócio por lá. Em 2018, foram 4.300 vistos de imigração para cidadãos do Brasil – 74% a mais do que em 2015, quando houve 2.478 vistos concedidos, segundo o Departamento de Estado americano.

“As pessoas apoiam muito os negócios locais. Se você faz seu trabalho com paixão, eles são muito receptivos”, diz Paula, que agora mora em Winter Park, na Flórida próxima a Orlando, e comanda um bar especializado em vinhos. A expansão de vistos para brasileiros contrasta com a redução de 12% nos vistos de imigração em geral no mesmo período. Em outras palavras, mesmo com os EUA mais restritivos para a imigração, houve ampliação de espaço para brasileiros – sobretudo os de alto poder aquisitivo. Para obter o visto de imigração para investimentos, é preciso estar disposto a injetar até 500 mil dólares (R$ 2 milhões) em negócios nos EUA. Nesse caso, o “green card”, que dá direito à residência, sai em menos de dois anos.

Este tipo de imigração por investimento através do visto EB-5 é bastante burocrática, o processo é cheio de nuances e detalhes, por si tratar de um investimento alto, é aconselhável que seja feito através de escritórios especializados, pois exige conexão com o “Regional Center” responsável pelo empreendimento, o “Escrow” (cartório responsável) e o USCIS (órgão americano responsável por imigração).

Emigrantes com alto poder econômico

Com mais restrições à mão de obra não qualificada pela política do Presidente Trump e com as dificuldades econômicas no Brasil, mudou o perfil do brasileiro nos Estados Unidos. Segundo levantamento com dados de 2014 a 2018, 90% dos brasileiros que se mudaram para os EUA no período tinha ensino superior completo. Além disso, passou de 41% em 2014 para 83% em 2018 a fatia de brasileiros casados se mudando para os EUA. O Law Offices of Witer DeSiqueira já assinalava estes acontecimentos em matéria publicada na Revista Veja de 06 de janeiro de 2016 com o título: “Os Diplomados Fogem da Crise”. Onde informamos que a demanda por vistos de imigração para os EUA havia aumentado muito, sendo a maioria de profissionais liberais.

O perfil destes imigrantes é de famílias bem consolidadas financeira e profissionalmente, mas que optaram por mudar para os EUA em busca de qualidade de vida, e principalmente, segurança.

A pesquisa indicou as principais razões para a mudança. A maioria (56%) citou violência. Instabilidade política e a corrupção são fatores citados por 47%. Roberto Souza* é um dos brasileiros que escolheu mudar para os EUA em busca de uma vida mais segura para a família. O brasileiro mudou-se para a cidade de Austin, no Texas, onde abriu uma franquia de reparo de eletrônicos.

Como boa parte dos brasileiros que se muda para os EUA, Roberto não tem plano de voltar nos próximos anos: o clima acolhedor e a facilidade de empreender são pontos vantajosos para ele.

“Me imagino voltando, mas num futuro bem indeterminado. Eu vim como empreendedor, o que significa que estou correndo riscos. Se não der certo, vou ter que abrir a outras opções, e sempre estarei aberto a voltar ao Brasil, se tiver uma boa oportunidade de trabalho, mas eu pensaria em ir para a Europa antes de ir para o Brasil”, diz.

642 mil vistos para brasileiros emitidos em 2018

Apesar do aumento, os vistos de imigração ainda são uma pequena parcela dos vistos emitidos para brasileiros no país. Em 2018, a maior parte das autorizações para brasileiros foi para estadias de período limitado, sobretudo turismo. Desde o início desta semana, os cidadãos dos EUA (além de Austrália, Canadá e Japão) não precisam mais desse tipo de visto para entrar no Brasil.

582 mil (91%) dos 642 mil vistos para brasileiros nos EUA eram de turismo 14 mil (2%) foram vistos para estudos 4.300 (0,7%) foram vistos de emigração – 3.004 dados por relações familiares, 587 eram vistos de emprego, e os demais para situações como as de Paula e Fabio, ou seja, abertura de negócios. O restante corresponde a outras das 65 categorias de vistos nos EUA.

Das categorias de vistos para emigração nos EUA, destacam-se:

  • L-1: Visto para quem tem uma grande empresa no Brasil ou é um funcionário destacado dentro da companhia. O representante recebe o visto para abrir filial nos EUA.
  • EB-1: Visto para artistas célebres, medalhistas olímpicos ou outras personalidades altamente destacadas.
  • EB-2: Parecido com o anterior, para profissionais destacados em suas áreas. É preciso comprovar a posição de destaque
  • EB-5: Requer investimento de cerca de US$ 500 mil dólares em um negócio nos EUA e abertura de emprego para ao menos dez cidadãos americanos.

Law Offices of Witer DeSiqueira

Fonte: uol.com

OBS.: O propósito deste artigo é informar as pessoas sobre imigração americana, jamais deverá ser considerado uma consultoria jurídica, cada caso tem suas nuances e maneiras diferentes de resolução. Esta matéria poderá ser considerada um anúncio pelas regras de conduta profissional do Estado da Califórnia e Nova York. Portanto, ao leitor é livre a decisão de consultar com um advogado local de imigração.