Divorciados sim, mas juntos na mesma casa

*Gisela Gusmão

Você já viveu ou está passando pela experiência de compartilhar a mesma casa com o seu “ex” ou com a sua “ex”? É possível que casais separados vivam em harmonia debaixo do mesmo teto? A separação/divórcio na quarentena está desconfortável?

Nas últimas décadas, o modelo tradicional de família deu lugar a novas configurações. Mudaram as formas de matrimônio e também de separação. Em geral, o processo começava com o distanciamento físico de um dos pares, que deixava o lar; e os trâmites corriam por meses ou anos até que o divórcio fosse concluído.

Antigamente, quando o relacionamento terminava, cada um ia pro seu lado e pronto! Hoje em dia, não é bem assim que acontece. Não raro, casais separados continuam vivendo na mesma casa. No entanto, existem três situações distintas.

Na primeira, estão aqueles que decidem continuar “Juntos Por Opção”. Geralmente porque querem economizar dinheiro para investir na educação dos filhos ou nos próprios estudos e carreira. Como esses “ex” vão acertar os ponteiros depende de acordo. Normalmente, dividem as despesas, as tarefas da casa e o cuidado com os filhos.

Em outra situação estão aqueles “Unidos No Sufoco”. São os que, em geral, gostariam de usufruir cada qual o seu espaço mas, por questões financeiras, não conseguem sobreviver sozinhos. Muitas vezes precisam encarar dívidas e até mesmo desemprego. Sem uma situação estável, há dificuldades no cotidiano que vão demandar muitas conversas e paciência a fim de encontrarem harmonia no lar.

Já os “Reféns Do Medo” são casos geralmente graves. Um dos pares impõe uma relação de abuso ao outro, quer seja material, de violência física, psicológica, sexual, ou tudo isso junto, usando de manipulação, chantagem ou ameaça. Apenas o algoz se beneficia. Não raro, a vítima se vê obrigada a deixar a casa, arcando com prejuízos materiais e emocionais. Se você vive uma relação assim, procure ajuda terapêutica e amparo legal!

Como tem sido o relacionamento com o/a “ex” nessa pandemia? Muitos achavam que seria um tormento. Imagine ficar isolado em casa com alguém que nos incomoda! De fato, foram inúmeros os casos de pessoas no limite do estresse. Mas, surpreendentemente, houve casos positivos. Uma mulher, por exemplo, contou que os dois trabalhavam muito e raramente conversavam. Com a pandemia, ela diminuiu as queixas que tinha do “ex” e havia até a possibilidade de tentarem novamente.

Há de tudo! Não existe experiência igual. Mas lembre-se, você não está sozinho! Boa sorte!

*Gisela Gusmão é colaboradora do site Idivorcei , psicóloga, psicanalista e terapeuta de Casal e Família.