Cooperação: o antídoto do egoísmo

*Rafael Brasil

É nítido que, ressalvadas as justas exceções, a sociedade tem vivido conflitos de natureza moral ao valorizar o individualismo egoísta, que se tornou uma violenta arma, que faz com que nos esqueçamos do contexto em que vivemos e pensemos tão somente em nossas próprias necessidades.

Esse egoísmo visceral se torna mais evidente quando lembramos das estatísticas que nos cercam: ainda que com leve queda, o desemprego é um fantasma que assombra a população brasileira; o Brasil tem mais de um milhão e duzentos mil advogados, além dos incontáveis bacharéis que buscam oportunidades no mercado de trabalho.

Se analisássemos esses números do mercado jurídico de modo superficial, poderíamos concluir que, no Brasil, há um ambiente de forte disputa e concorrência entre os profissionais dessa área. Mas toda análise superficial é ingênua.

De fato, em uma ponta temos uma sociedade cada vez mais acelerada, com indivíduos focados em suas necessidades. Aliás, o sociólogo Zygmunt Bauman dizia que nossa sociedade, hoje caracterizada pela modernidade líquida, tinha como base de progresso a melhoria partilhada, mas se transformou na sociedade que valoriza mais a sobrevivência do indivíduo. Ou seja, na selva de pedra e aço a subsistência de cada um conta mais do que a melhoria de uma comunidade.

Na outra ponta, de forma inexplicável, acredito que o mercado jurídico é diferente. Aliás, o grande número de profissionais nas mais diversas áreas do direito nos levam a reinventar o direito a cada dia, necessidade cada vez mais premente já que nossa sociedade tem se tornado mais corrompida e, por isso, mais dependente das regras. Eu penso que a cooperação entre os profissionais do direito tem sido o diferencial que mantém pulsante a luta por uma sociedade justa. O papel do profissional do direito tem forte impacto em toda a sociedade!

Essa é a função do Instituto de Estudos Avançados em Direito e o motivo pelo qual decidi fundar o Instituto há exatos dois anos, juntamente com um grupo de pessoas dispostas a mudar o cenário jurídico goianiense. É possível, sim, juntar pessoas dispostas a cooperar mutuamente, combatendo o egoísmo e competitividade no cenário jurídico local.

Durante a já bem-sucedida trajetória que nos guia até aqui, experimentamos a sensação não só de mudar nossas próprias realidades através da cooperação que nos torna profissionais melhores, mas sobretudo de atuar com relevância para a sociedade através do combate às injustiças sociais.

*Rafael Brasil é advogado e presidente do Instituto de Estudos Avançados em Direito