Até 2024, os departamentos jurídicos terão automatizado 50% de todo o seu trabalho relacionado às principais transações corporativas. O dado, mapeado pelo Gartner durante a composição da pesquisa Future of Legal, não me surpreende. Afinal, nos últimos tempos, temos tido provas diárias do quanto a transformação digital está acelerada no mundo em geral, incluindo as diferentes áreas profissionais.
Já temos escritórios jurídicos operando dentro de um software, assinatura digital de contratos, chatbots esclarecendo dúvidas mais simples e frequentes dos clientes, mapeamento em tempo real de processos jurídicos e atividades da área. Isso para citar apenas alguns poucos exemplos. Vale destacar que são novidades que têm impulsionado um mercado em expansão: o das LegalTechs ou LawTechs, que também estão de olho nos talentos da área de direito.
A tecnologia tem alterado – e muitas vezes melhorado – a nossa forma de viver, nos relacionar com os outros, conduzir negócios e trabalhar. Especificamente do ponto de vista profissional, o que tem destacado um colaborador dos demais é a sua capacidade de conciliar os benefícios das soluções tecnológicas, como as equipadas com inteligência artificial, com a qualidade da sua atuação no dia a dia do trabalho.
O contexto econômico, as transformações do mercado de trabalho e as novas tecnologias têm exigido dos profissionais, incluindo os da área jurídica, uma postura mais estratégica e inovadora. É preciso trabalhar com um pensamento digital, ou seja, entendendo, no dia a dia, quais processos podem ser otimizados com o uso de softwares, observando a tecnologia como uma forte aliada e não ameaça ou concorrência. Conhecer detalhes de Direito Digital e Compliance segue sendo importante. Os negócios estão tendo que se reinventar e nós, profissionais, também.
Cada profissional da área jurídica precisa se empenhar para destacar e comprovar o seu valor à frente das ações, mostrar a sua contribuição única como ser humano para garantir segurança e agilidade a um processo conduzido total ou parcialmente por uma tecnologia. Ter consciência sobre habilidades técnicas e comportamentais que precisam ser aprimoradas ou desenvolvidas e colocar esse plano de capacitação em prática também é muito útil.
Conhecer de verdade o negócio do cliente ou da empresa em que se atua, além das fronteiras da área jurídica, é outra estratégia que agrega valor à atuação do profissional de direito, algo que tende a elevar a sua capacidade de oferecer um trabalho mais consultivo, certeiro e alinhado às necessidades do negócio. E esse é um ponto em que, no meu entender, a tecnologia ainda vai demorar um pouco para superar os seres humanos.
Se eu pudesse resumir meu conselho em apenas um, seria: seja curioso diante de toda e qualquer novidade que se apresente no mercado de trabalho daqui em diante. Novas regras têm sido criadas a todo momento considerando os novos contextos que não param de se apresentar. Entendo a necessidade, muitas vezes, de ter uma resposta imediata para certas questões. Mas, acredite, a experimentação e a capacidade de “envergar sem quebrar”, vai te ajudar. Porque o mundo corporativo não vai parar de se transformar.
* Maria Eduarda Silveira é Formada em Letras, com especialização em liderança pelo INSPER, people analytics pela FIA e MBA em Recursos Humanos pela FGV. Atua como headhunter há aproximadamente 12 anos. Trabalhou em uma grande consultoria multinacional de recrutamento e seleção por muitos anos e, em 2020, fundou a BOLD HRO, empresa de recrutamento especializado e desenvolvimento organizacional.