Advogada é presa em Pirenópolis por suposta perturbação ao sossego, descato e resistência à prisão; ela nega

Uma advogada foi presa por policiais militares por suposta perturbação ao sossego, desacato e resistência a prisão em Pirenópolis, na noite dessa terça-feira (11). O caso teria ocorrido quando os PMs foram chamados à uma chacára de eventos alugada pela causídica para atender a uma suposta reclamação por som acima do volume permitido. Ao se negar a assinar o Termo Circunstanciado de Ocorrência, ela foi detida e autuada em flagrante.

Por volta das 9 horas desta quarta-feira (12), a advogada seria levada para o presídio de Anápolis. Mas havia pedidos para transferência dela para Aparecida de Goiânia. Até o fechamento desta reportagem, ela ainda continuava na Delegacia de Anápolis, cidade próxima à Pirenópolis, para onde foi levado ontem à noite. A audiência de custódia do caso foi marcada para às 13 horas de hoje.

Durante seu interrogatório, realizado pela delegada plantonista Karla Portes Poubel,  a advogada afirmou que alugou a chácara por meio de um aplicativo de viagens, para duas diárias (do dia 10 ao dia 12), tendo comparecido ao imóvel na madrugada do dia 11. Ela chegou ao local com o casal de sogros, o namorado e o cunhado.

Segundo relatado, a partir do meio dia de ontem (11), a proprietária do imóvel teria enviado mensagens dizendo que os vizinhos estariam reclamando do som alto. A advogada afirmou, na Delegacia, que convidou a mulher para que esta fosse ao local para confirmar que o som estava dentro da normalidade, o que teria ocorrido.

No entanto, no interrogatório, ela afirmou que mais tarde, por volta da 17 horas, o marido da dona da chácara foi ao local e disse levaria consigo uma caixa de som que estava no local e que devolveria a quantia paga por ela pela hospedagem. Como afirmou que devolveria apenas parte do valor pago, a advogada contestou dizendo que queria receber toda a quantia da reserva.

Segundo relatado durante o interrogatório, seis PMs compareceram ao local após terem sido acionados pelo vizinho que reclamava do som alto. Eles teriam insistido para a advogada assinar o TCO do caso pelo morador. Porém, segundo relatado pela causídica, não apontaram qual era a acusação. Como se negou a assinar o documento, foi segurada à força, algemada e colocada no camburão da PM.

Desacato

Em seu favor, os PMs que prenderam a advogada afirmaram que ela resistiu à prisão e os desacataram. E que foi o vizinho que reclamava do som quem fez questão de representar contra a advogada e seu namorado. Afirmaram que ela estava bastante alterada e dizia a todo momento que não iria assinar o termo de comparecimento em juízo previsto no TCO e que não era obrigada a assinar nada, passando a xingá-lo com palavras de baixo calão.

Teria sido nessa hora, conforme os PMs, que deram voz de prisão à causídica, que resistiu ao ser detida, “sendo necessário o uso de meios moderados de força física para contê-la e também do uso de algemas para conduzi-la para a Delegacia de Polícia Civil de Anápolis”. Como o namorado, que é policial penal, tentou impedir que a advogada fosse presa, os PMs disseram que ele também foi detido. Com o homem, os PMs disseram que foi encontrado um revólver.

Presença da OAB e defesa

Representantes da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás estiveram no local durante a madrugada. A advogada também chamou um advogado, Abrahão Camelo Pereira Viana, que está sendo responsável pela defesa da colega. A família da advogada também acompanha o caso. Um filho dela afirmou, ao Rota Jurídica, que espera que a mãe seja liberada durante a audiência de custódia.