4º Concurso de Júri Simulado promovido pela ESA e OAB homenageia advogado João Néder

Já foi publicado edital para inscrições para o 4º Concurso de Júri Simulado promovido Escola Superior da advocacia de Goiás, em conjunto com Comissão Especial de Defesa do Júri da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO). Nesta edição, o evento, que terá início em junho, leva o nome do advogado criminalista João Neder.

O presidente da ESA-GO, o também criminalista Rodrigo Lustosa, afirma que a escola tem a constante preocupação de dar lugar e prestar homenagem a grandes nomes da advocacia goiana. “Em todas as profissões os bons exemplos são imprescindíveis no fomento a práticas profissionais saudáveis. Por isso, neste ano, nosso torneio de Tribunal do Júri Simulado leva o nome do Dr. João Neder, que foi um grande profissional do direito, atuando com excelência como  promotor de Justiça e, especialmente, como advogado criminalista. Esta é uma homenagem mais do que merecida. O Dr. João Neder foi e continuará sempre sendo uma extraordinária referência para todos nós”, frisa.

O presidente da OAB-GO, Rafael Lara, considera a homenagem como justo reconhecimento da advocacia à “história desse grande tribuno”. O mesmo acontece com o presidente da Comissão Especial de Defesa do Júri, o advogado Danilo Vasconcelos. “Doutor João Neder foi um tribuno exemplar. Sua postura, aliada à competência ímpar, faz com que, até nos dias atuais, advogados, promotores e juízes lembrem, com nostalgia, suas memoráveis atuações. Essa homenagem é justa e engrandecem o torneio”, pontua.

O torneio

O torneio terá varias etapas, e serão desenvolvidas em um ambiente de tribunal de júri de verdade, onde juízes togados participam presidindo as sessões, e turmas de alunos universitários coordenados por professores do Júri, trabalham como um mentor técnico. As turmas inscritas vão se revezar as fases do torneio, ora na acusação e, ora na defesa, e geralmente trabalham com casos verídicos, que já foram julgados ou ainda serão.

Os jurados participam mantendo a incomunicabilidade, o clima será de total concentração como numa sessão real do tribunal do júri. Os participantes vão debater, discutir, fazer apartes, e o juiz presidente administrará os trabalhos. Para a assistência o clima é de total concentração e muita emoção, torcendo ora para a defesa ora para a acusação. Nesses torneiros muitos talentos se revelam, e sem duvida o grupo vencedor vai contabilizar pontos para a Universidade que representam e também para seus mentores.

O advogado criminalista Alex Neder, filho do também advogado João Neder, disse ao Rota Jurídica, que recebeu a notícia da homenagem a seu pai, já falecido, com muita alegria. Ele afirmou que a grande paixão do homenageado sempre foi o tribunal do júri popular, local que sempre teve uma performance extraordinária como grande orador.

Alex Neder, em seu nome e no da sua família, registrou os agradecimentos por essa homenagem ao presidente da OAB-GO Rafael Lara, ao presidente da Escola Superior da Advocacia Rodrigo Lustosa Victor e ao presidente da Comissão Especial do Juri da OAB-GO Danilo Vasconcelos. “Meu pai, durante sua carreia jurídica de mais de 56 anos, foi dedicado ao direito e em especial ao tribunal do júri popular”, lembra.

História do homenageado

João Neder nasceu em Serrania, município no sul de Minas Gerais. Ele estudou em Alfenas (MG) e se mudou para Goiânia muito jovem com a família. Foi estudante de Direito na antiga Rua 20, que depois se transformou na Universidade Federal de Goiás, que ele ajudou a fundar em Goiás.

Quando estudante começou a advogar fazendo júri como solicitador acadêmico, vindo a receber sua carteira da Ordemem 1963, quando seguiu advogando por anos, até fazer concurso para promotor de Justiça do Estado de Goiás. Aprovado e bem colocado, ficou no Ministério Público por 16 anos, vindo a se notabilizar como o melhor promotor do júri nas décadas de 1970 e 1980, atuando em casos de grande repercussão no Estado de Goiás, passando por 42 comarcas do interior fazendo júris.

Em 1984, João Neder se aposentou voluntariamente, e regressou a advocacia criminal. No auge de sua vida profissional, montou seu escritório com sua esposa, a advogada Beatriz Neder, em sua casa. “Eu também fiz Direito e fui passou a advogar com meus pais”, lembra.

Alex conta que formaram o famoso “trio ternura”, um silogismo do grupo sertanejo Trio Parada Dura. “Fizemos júris por todo o Estado até 2014, quando João Neder morreu, depois de uma luta de seis anos contra um câncer, que ele enfrentou com toda sua força e coragem, dando a todos um exemplo de resiliência nunca visto”, conclui.

João Neder, além da advocacia e promotoria, foi também jornalista participando da fundação do lendário jornal Cinco de Março, e escritor. Ele publicava artigos semanais no jornal Diário da Manhã, e também escreveu e trabalhou em O Popular. Foi autor de dois livros:  De Cabo de Esquadra a Marechal de Guerrilha, no qual conta as perseguições politicas que sofreu após o golpe de 1964; e Um Promotor na Carruagem, e histórias da rua 20, onde estudou Direito. Nesse último, ele narra as lembranças de seus amigos, inclusive o esforço de muitos deles para a fundação da UFG.