Prisão de estelionatário reacende debate sobre proteção de dados; vítima de Anápolis tenta reverter bloqueios na Justiça

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A prisão de Marcos Alexandre Santos Sussi, realizada pela Polícia Civil de Pernambuco no último dia 20, em Santa Maria da Boa Vista, trouxe alívio para suas vítimas. O homem é conhecido como “estelionatário do amor” e é acusado de diversos crimes, como estupro de vulnerável, roubo, estelionato e lesão corporal. Em muitos dos golpes aplicados, ele utilizou a identidade do aviador anapolino Filipe Micael Silva, de 27 anos, que há dois anos luta na Justiça para provar que foi vítima de um criminoso que clonou seus dados.

O advogado do piloto, João Victor Salgado, do escritório Celso Cândido de Souza Advogados, informou que, com a prisão do estelionatário, já foi protocolado um pedido formal à Justiça solicitando a liberação das contas bancárias de Filipe e a anulação das acusações. “Agora é aguardar decisão judicial. Levamos ao processo todas as informações da prisão e a confirmação de quem, de fato, praticou o crime”, explica.

Apesar da prisão, o piloto ainda enfrenta os reflexos do golpe. Segundo o advogado, o uso indevido dos dados pode gerar consequências duradouras. “O criminoso aplicou diversos golpes em inúmeras pessoas utilizando os dados do cliente. Não sabemos, ainda, quantas vítimas foram ao total e o teor dos golpes, mas, ao menos, com ele preso, temos a certeza de que novas vítimas não surgirão. Quanto ao processo, Filipe teve a vida abalada e precisou se socorrer de familiares, já que todas as suas contas foram bloqueadas e, por ordem judicial, foram penhorados mais de R$ 60 mil em suas contas ”, afirma.

As investigações apontam que há inúmeras vítimas do golpista. Agora, o foco da defesa é demonstrar que Filipe não tem qualquer relação com os crimes e que sua identidade foi usada sem consentimento. “Nosso trabalho é esclarecer isso perante o Judiciário e, principalmente, limpar o nome dele”, reforça João Victor.

Sobre a origem do vazamento dos dados de Filipe, ainda não há confirmação oficial. “A suspeita é que tenha ocorrido, inicialmente, pela escola de aviação e, depois, por meio de plataformas que disponibilizam dados pessoais. Mas essa é uma informação que deverá ser confirmada pela Polícia, que já abriu um inquérito para apurar o caso”, explica o advogado.

Para João Victor, além dos danos materiais e emocionais enfrentados pelo piloto, o caso escancara a fragilidade na proteção de dados no Brasil. “É essencial que as pessoas tenham mais cautela ao disponibilizar dados sensíveis em plataformas digitais e que haja um efetivo cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Sem isso, casos como esse vão continuar acontecendo”, alerta.

Enquanto aguarda a decisão da Justiça,  o advogado explica que Filipe segue com suas contas bloqueadas, enfrentando dificuldades financeiras e tentando retomar sua vida após um verdadeiro pesadelo que começou há dois anos.