Médico Zacharias Calil obtém direito de patente de medicamento

Zacharias Calil é referência mundial no tratamento de linfangiomas

O cirurgião pediátrico Zacharias Calil obteve o direito de patente de um medicamento para o tratamento de hemangiomas e linfohemangiomas, tumores vasculares benignos causados por um crescimento irregular de vasos sanguíneos. Tratam-se de malformações congênitas.

Há cerca de 15 anos, ele realiza o atendimento de crianças portadoras desses tumores no Hospital Materno Infantil (HMI) – unidade da rede estadual de saúde. Calil atribui, em parte, o mérito da conquista sobre o direito de propriedade intelectual sobre o remédio ao empenho do Governo de Goiás.

Calil disse que durante audiência com o governador Marconi Perillo, em 2002, comentou sobre uma pesquisa científica para o desenvolvimento do composto. “Ele me incentivou com esse projeto. O Governo de Goiás comprou os medicamentos e o laser”, lembra.

O equipamento utilizado para a redução do tumor custou aproximadamente R$360 mil na época. Orgulhoso, o médico, que é referência mundial no tratamento de linfohemangiomas e integra relação de profissionais reconhecidos pela fundação especializada norte-americana Birthmark, além de ter ganhado fama pelos vários casos de separação de gêmeos siameses, comemora o feito por não ter contado com o apoio de um grande laboratório farmacêutico ou de uma instituição de ensino.

O caminho foi longo  e burocrático até que o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconhecesse o direito de registro de patente no último dia 23 de maio, tanto que o pedido protocolado havia sido indeferido anteriormente. No entanto, o órgão acabou acatando o recurso e reformando a decisão. A fórmula pode ser usada tanto por recém-nascidos quanto adultos e tem baixos efeitos colaterais, observa.
Ampola com medicamento.

Segundo o cirurgião pediátrico, esses tumores aparecem com mais frequência na cabeça ou pescoço e causam dificuldade na respiração e deglutição de crianças, além de provocar sangramentos, sem falar no prejuízo para a autoestima. O medicamento autorizado pela Anvisa, composto por um corticoide e pelo nitrato de prata, é injetável e elimina o nódulo.

Quando não chega a esse ponto, por ser um potente anti-inflamatório, facilita as condições para a realização da cirurgia. É aplicada uma dose de 2 a 8ml, dependendo de cada paciente, e o resultado é acompanhado posteriormente no consultório e por meio de exames.

A fórmula já beneficiou cerca de 3,5 mil pacientes do Materno Infantil. O tumor leva, em média, de seis a oito meses, para ser erradicado. A partir de agora, a novidade poderá despertar o interesse de grandes indústrias farmacêuticas para comercialização do produto em larga escala. “É um avanço muito grande. Agora eu sou considerado um cientista. Esse medicamento, com certeza, vai beneficiar milhares de pessoas. Eu devo muito ao próprio governador Marconi Perillo, que me recebeu pessoalmente e ficou fascinado com o trabalho”, destaca.

À época, Marconi determinou à então Secretaria de Ciência e Tecnologia a compra dos fármacos para a produção do medicamento.