História contada por juiz goiano integra livro A Justiça Além dos Autos

O livro foi organizado pela
O livro foi organizado pela corregedora Nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi

As cortes de todo o país são palco, diariamente, de disputas judiciais emocionantes, casos com desfechos surpreendentes, fatos curiosos e, por vezes, histórias de humor. Com a intenção de homenagear a magistratura brasileira e reunir mais de 170 histórias que marcaram a vida de juízes, a Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou, nesta terça-feira (23), antes do início da 236ª Sessão Plenária, a obra “A Justiça além dos Autos”. O livro, organizado pela ministra Nancy Andrighi, corregedora Nacional de Justiça, reúne em 504 páginas histórias selecionadas pelos coordenadores do projeto, desembargadores Fátima Bezerra Cavalcanti (TJPB) e Pedro Feu Rosa (TJES) e o juiz Álvaro Kalix Ferro (TJRO).

Juiz substituto em segundo grau Wilson Safatle Faiad
Juiz substituto em segundo grau Wilson Safatle Faiad narra história acontecida em GO

Entre as dezenas de histórias citadas no livro está uma narrada pelo juiz substituto em segundo grau Wilson Safatle Faiad. Ele conta o episódio de um pai que, ao ser esfaqueado pelo próprio filho e correndo risco de morte, preferiu procurar primeiro o juiz para tratar da situação do filho, para só então dirigir-se a um hospital. O pai bateu à porta do juiz para pedir conselhos porque o filho estava matando aulas e andando na companhia de maus elementos, mas o magistrado teve de interrompê-lo para providenciar a ambulância, diante de ferimento tão grave. “Não há como não dar valor a tal pessoa, que pôs o filho à frente de sua própria dor pessoal: um verdadeiro pai!”, escreve o juiz. Como essa, há muitas histórias de leitura agradável sobre adoção, reinserção social e disputas familiares entre outras.

Distribuição

A obra será distribuída aos tribunais em edição limitada, e está disponível no Portal da Corregedoria do CNJ. De acordo com a ministra Nancy, a obra “A Justiça além dos Autos” é uma homenagem à magistratura brasileira por meio de crônicas e relatos. “Nessa passagem pela Corregedoria, ao lado do trabalho árduo em prol da celeridade e da eficácia processual, deixo esse lado interessante da vida judicante, desconhecido da sociedade no qual revela o que é ser juiz”, disse a corregedora.

Na opinião da ministra, ser juiz não é só se debruçar sobre processos e mergulhar no mundo virtual dos autos, mas viver acontecimentos sociais como cidadão do povo, com redobrada prudência, parcimônia e crença de que a Justiça começa com um olhar de compreensão. “Antes do juiz ser o condutor do processo, ele é um escafandrista do direito, uma figura destacada, principalmente em comarcas distantes dos grandes centros urbanos, e essa proeminência social o torna alvo de episódios insólitos e pitorescos, átimos de flagrante embaraço que os anos e a memória transformam em casos espirituosos”, afirmou.

Assaltante azarado

Em Rio Branco/AC, no ano de 2002, o juiz Audarzean Santana da Silva interrogava um rapaz preso provisoriamente, em flagrante, sob acusação de roubo qualificado pelo uso de uma faca. “Doutor, é verdadeiro o fato da denúncia. Eu estava em dificuldade financeira e decidi praticar um roubo. Peguei uma faca, fui para rua da cidade e fiquei esperando uma vítima”. O problema foi que, à espera da sua primeira vítima, o rapaz acabou escolhendo o campeão de jiu-jitsu da cidade, que facilmente o desarmou e o entregou à polícia. Com informações do CNJ