Será realizado neste sábado (24), a partir das 8h30, na sede da Escola Superior da advocacia de Goiás (ESA-GO), no Setor Sul, em Goiânia, a final do 4º Concurso de Júri Simulado, que nesta edição leva o nome do advogado criminalista João Neder.
Promovido pela ESA-GO, em conjunto com Comissão Especial de Defesa do Júri da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), o Júri Simulado tem na final representantes das universidades Estadual de Goiás (UEG), que atuarão com a acusação, e da Unibras, responsáveis pela defesa.
O torneio, que teve início em junho, passou por várias etapas, todas desenvolvidas em um ambiente de tribunal de júri de verdade, onde juízes togados participaram presidindo as sessões, e turmas de alunos universitários coordenados por professores do Júri, trabalharam como um mentor técnico. As turmas inscritas se revezaram nas fases do torneio, ora na acusação e, ora na defesa, e geralmente trabalharam com casos verídicos, que já foram julgados ou ainda serão.
O advogado criminalista Alex Neder, filho do também advogado João Neder, disse ao Rota Jurídica, que é uma honra ter seu pai, já falecido, homenageado pelo evento. Ele afirma que a grande paixão do homenageado sempre foi o tribunal do júri popular, local que sempre teve uma performance extraordinária como grande orador.
Alex Neder, em seu nome e no da sua família, registrou os agradecimentos por essa homenagem ao presidente da OAB-GO Rafael Lara, ao presidente da Escola Superior da Advocacia Rodrigo Lustosa Victor e ao presidente da Comissão Especial do Juri da OAB-GO Danilo Vasconcelos. “Meu pai, durante sua carreia jurídica de mais de 56 anos, foi dedicado ao direito e em especial ao tribunal do júri popular”, lembrou.
João Neder
João Neder nasceu em Serrania, município no sul de Minas Gerais. Ele estudou em Alfenas (MG) e se mudou para Goiânia muito jovem com a família. Foi estudante de Direito na antiga Rua 20, que depois se transformou na Universidade Federal de Goiás, que ele ajudou a fundar em Goiás.
Quando estudante começou a advogar fazendo júri como solicitador acadêmico, vindo a receber sua carteira da Ordemem 1963, quando seguiu advogando por anos, até fazer concurso para promotor de Justiça do Estado de Goiás. Aprovado e bem colocado, ficou no Ministério Público por 16 anos, vindo a se notabilizar como o melhor promotor do júri nas décadas de 1970 e 1980, atuando em casos de grande repercussão no Estado de Goiás, passando por 42 comarcas do interior fazendo júris.
Em 1984, João Neder se aposentou voluntariamente, e regressou a advocacia criminal. No auge de sua vida profissional, montou seu escritório com sua esposa, a advogada Beatriz Neder, em sua casa. “Eu também fiz Direito e fui passou a advogar com meus pais”, lembra.
Alex conta que formaram o famoso “trio ternura”, um silogismo do grupo sertanejo Trio Parada Dura. “Fizemos júris por todo o Estado até 2014, quando João Neder morreu, depois de uma luta de seis anos contra um câncer, que ele enfrentou com toda sua força e coragem, dando a todos um exemplo de resiliência nunca visto”, conclui.
João Neder, além da advocacia e promotoria, foi também jornalista participando da fundação do lendário jornal Cinco de Março, e escritor. Ele publicava artigos semanais no jornal Diário da Manhã, e também escreveu e trabalhou em O Popular. Foi autor de dois livros: De Cabo de Esquadra a Marechal de Guerrilha, no qual conta as perseguições politicas que sofreu após o golpe de 1964; e Um Promotor na Carruagem, e histórias da rua 20, onde estudou Direito. Nesse último, ele narra as lembranças de seus amigos, inclusive o esforço de muitos deles para a fundação da UFG.