Conselho Seccional discute transferência do CEL da OAB para a Casag

As contas do CEL referentes a 2016 foram muito negativas. O déficit foi de R$ 2,1 milhões

A seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) divulgou no início da semana o resultado financeiro do Centro de Esporte e Lazer (CEL) de 2016. O espaço recreativo da instituição, localizado em Aparecida de Goiânia, fechou o período com déficit de R$ 2,1 milhões. As despesas no ano passado somaram R$ 2,7 milhões, contra uma receita de R$ 566 mil. Para discutir a situação atual do CEL, o  Conselho Seccional se reúne extraordinariamente na segunda-feira (10). Na pauta, análise da possibilidade de transferência da administração do local para a Caixa de Assistência dos Advogados (Casag).

Rodolfo Mota diz que a transferência pode deixar o CEL menos oneroso para a advocacia

Rodolfo Mota, presidente da Casag, ouvido pelo Rota Jurídica, afirma que a transferência da gestão do CEL pode ser mesmo o caminho encontrado pela OAB-GO para tornar o centro menos oneroso para a advocacia.  “Isso acontecerá pois a ordem deixará de ter despesas para manutenção do espaço”, frisa, alertando que a novidade não vai significar  aumento no repasse estatutário feito pela a Ordem à Caixa”, aponta. Além disso, ele garante que hoje a Casag, que é o braço assistencial da ordem, já tem experiência em administrar produtos e serviços voltados à classe. “O CEL seria apenas mais um no rol de tantos que temos sob nossa responsabilidade”, diz.

Mota explica que estudos serão feitos para viabilizar a administração do centro pela Casag. “Vamos verificar formas mais eficientes de explorarmos o estacionamento do CEL, o salão de festas e até o espaço do clube, como quadras esportivas e piscinas”, diz. Segundo ele, hoje apenas 30% dos frequentadores são advogados, os outros 70% são convidados. “Apesar da discrepância, apenas os advogados custeiam a manutenção do CEL”, diz.

Balanço
O balanço financeiro do CEL, segundo dados da administração da OAB-GO, foli deficitário por devido a contas pendentes de 2015, saldadas em 2016. Conforme análise do Departamento Financeiro, a dívida herdada de 2015 somou R$ 1,2 milhão, que representa 57% do déficit acumulado em 2016, apenas no clube. O presidente da OAB-GO, Lúcio Flávio de Paiva, entende que o passivo é elevado.

O presidente da OAB-GO, Lúcio Flávio, diz que a situação deficitária do CEL tem se repetido

Lúcio Flávio diz que o primeiro passo, a transparência, já foi dado: esta é a primeira vez na história que a advocacia realmente toma conhecimento de quanto custa o CEL. “Estamos fazendo tudo aquilo que for necessário para acertar, em termos contábeis, e, com isso, isolar as despesas do CEL das despesas da seccional, que sempre foram misturadas”, explica.

A situação deficitária do CEL vem se repetindo nos últimos anos. Em 2014, o balanço final das contas do espaço recreativo ficou deficitário em R$ 1,5 milhão. Naquele ano, as receitas foram de R$ 502 mil, contra R$ 2,1 milhões de pagamentos. Em 2015, o cenário se repetiu: gastos de R$ 2,6 milhões, mais uma dívida transferida a 2016 de R$ 1,2 milhão, contra uma receita de R$ 488 mil.

O secretário-geral da OAB-GO, Jacó Coelho, explica que o resultado deficitário ocorre diante do desequilíbrio entre os valores cobrados atualmente por locações (de salões, bares, campos e do estacionamento) e as despesas geradas com a manutenção do clube. “Temos uma despesa quatro vezes maior que a receita. Precisamos criar um mecanismo que viabilize a gestão desta importante espaço para todos os advogados goianos”, afirma.

Jacó ressalta que este modelo de transferência de recursos da OAB para o CEL é incapaz de dinamizar a gestão e modificar a realidade deficitária. “A saída é realizar estudos que identifiquem formas de transformar o CEL em um clube superavitário, com uma nova política de comercialização dos espaços e investimentos no processos de mecanização e de automação”, analisa.

Números

Roberto Serra afirma que o investimento feito no CEL tem impacto nas contas da OAB

O tesoureiro da Ordem, Roberto Serra, diz que o total investido no CEL anualmente é de grande impacto nas contas da instituição. Dos cerca de R$ 30 milhões que entram no caixa da entidade anualmente, a OAB fica com cerca de 45% (R$ 13,5 milhões), conforme definido em estatuto. “Deste total que recebemos anualmente, cerca de 15% vai para o CEL. Isso corresponde a uma média de R$ 2,5 milhões da nossa arrecadação total. Essa é a despesa ordinária. Sem contar as providências urgentes e necessárias que podem surgir, eventualmente, elevando o montante”, afirma. “Essa situação deficitária vem de muito tempo. O CEL era administrado em segundo plano e, agora, vamos mudar isso.”

Lúcio Flávio esclarece que a manutenção do CEL sempre gerou um debate acalorado no seio da advocacia goiana, com alguns defendendo ferrenhamente o modelo atual de custeio pela anuidade; outros pretendendo abrir, mediante cobrança, para que outras categorias frequentem o clube; e há até mesmo quem advogue pela venda do patrimônio. Para ele, a diretoria da OAB tem a obrigação de mediar essa discussão e encontrar a melhor forma de gestão para o CEL, segundo o escrutínio da maioria.

Reformas e benefícios
O presidente da Comissão de Esporte e Lazer, Nadim Neme Neto, relembra as inúmeras melhorias realizadas apenas no ano de 2016. De acordo com ele, foram feitas importantes intervenções estruturais que deram um outro aspecto ao clube. “Foram feitas reformas em praticamente todo o complexo. Na entrada, por exemplo, foi instalado um portão eletrônico, câmeras de segurança foram instaladas, além da reforma dos muros”, lembra.

Jacó Coelho diz que as locações dos espaços do CEL e que geram os déficits

Ele também enumera a reforma da caixa d’água, o projeto de revitalização da mata dentro do complexo, da reconstrução das quadra polivalentes, da reforma dos brinquedos infantis e da troca de todo o sistema de eletricidade. “São reformas que resgataram o compromisso de proporcionar um clube a altura da advocacia goiana”, diz.

O diretor-geral do CEL, Kleber Ricardo Pereira Azeredo diz que também foram reformadas as quadras de tênis, a revitalização de todos os bares e restaurantes, a reconstrução de 50% do lago, a instalação da iluminação no campo de futebol e a reforma estrutural do salão principal. “A reforma do quiosque, da capela e da quadra de futevôlei também foram comemoradas pela advocacia’, conta.

Lazer
O CEL foi criado para oferecer aos advogados goianos e seus familiares um espaço adequado para prática esportiva, descanso e diversão. Começou a ser construído em 1999 e foi inaugurado em agosto de 2003, numa área de mais de 171 mil metros quadrados, em Aparecida de Goiânia. O espaço conta com um completo complexo esportivo apto para receber importantes torneios regionais e nacionais; área verde privilegiada; parque aquático adulto e infantil; piscina olímpica; salão de festas referência para os maiores eventos do Estado; completa estrutura de lazer; e amplo estacionamento, agora gratuito aos advogados. Com informações da OAB-GO